NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O empresário Eike Batista negou nesta segunda (17) ter pago propina para aprovar financiamento de R$ 750 milhões para a LLX Açu Operações Portuárias, empresa criada para investir no Porto do Açu, na região do norte fluminense.
Eike depôs à Justiça Federal como testemunha do corretor de valores Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-deputado Eduardo Cunha, em processo que investiga fraudes no fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS).
Os dois foram citados em delação premiada do empresário Alexandre Margotto, que acusa Funaro e Cunha de cobrar propina para liberar os recursos do fundo, usando sua influência junto à direção da Caixa Econômica Federal.
O empresário negou ter relações com Funaro e com Cunha, mas admitiu ter dado carona em seu avião ao ex-deputado uma vez, a pedido de um executivo de seu grupo empresarial.
"Ele sentou em uma cadeira lá atrás e foi isso", afirmou o empresário.
Quando questionado se Cunha interferiu para que recebesse os recursos do FI-FGTS, Eike disse que "não que eu saiba".
"Eu era presidente do Conselho de Administração e esses assuntos eram tratados por executivos da companhia", argumentou. Ele não soube informar, porém, qual foi o executivo responsável por negociar os recursos com a Caixa.
Questionado se pagou propina para receber os recursos, disse que "absolutamente não". Mas foi orientado por seu advogado a não responder se alguém cobrou vantagens para liberar a verba.
Na audiência, feita por videoconferência, Eike respondeu a perguntas das defesas de Funaro e de Cunha, que estavam ao lado de seus advogados em Brasília e Curitiba, respectivamente.
Eike e sua defesa não quiseram responder se estão negociando delação premiada com a Justiça. O executivo, porém, já teria preparado anexos de uma proposta de delação em que citará o ex-presidente Lula.
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