GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - No dia em que a Câmara dos Deputados iniciará tramitação de denúncia contra ele, o presidente Michel Temer tem se reunido desde o início desta terça-feira (4) com parlamentares indecisos, entre eles dois titulares da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Como a Folha de S.Paulo mostrou, pelos cálculos do Palácio do Planalto, o peemedebista só tem garantidos 30 de 66 votos, menos do que o necessário para garantir um relatório favorável contra a denúncia por corrupção passiva na comissão parlamentar. A meta do presidente é garantir pelo menos 40 votos.
Com esse objetivo, o presidente se reuniu nesta manhã com Ronaldo Fonseca (Pros-DF) e Evandro Gussi (PV-SP), titulares da CCJ que, em enquete da Folha de S.Paulo, disseram não saber como votarão. O último é cotado, inclusive, para ser escolhido como relator da denúncia contra o presidente pelo presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).
O peemedebista também recebeu a deputada federal Christiane Yared (PR-PR) que, na enquete, disse ser favorável ao prosseguimento da denúncia. Pelas contas do governo, há 21 indecisos com potencial de terem seus posicionamentos revertidos em plenário.
Ao todo, o presidente programou audiências com 16 parlamentares, dos quais 10 disseram não saber ou não responderam como votarão quando a denúncia for levada a plenário.
Do restante, dois se posicionaram favoravelmente ao prosseguimento da denúncia, Christiane e Sinval Malheiros (PODE-SP), e quatro por seu arquivamento, todos do PMDB, partido do presidente.
Nos próximos dias, o peemedebista pretende manter a agenda de encontro com parlamentares indecisos, principalmente do PSDB, PSD, DEM e PR.
Partindo de um placar já desfavorável, auxiliares do presidente acreditam que a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi braço direito de Temer no governo, pode dificultar ainda amais trabalho de convencimento.
A prisão ocorreu no momento mais delicado da gestão peemedebista, com o início da tramitação de denúncia contra ele por corrupção passiva. A avaliação do Palácio do Planalto é de que ela é mais um sinal de que o cerco da Operação Lava Jato sobre o governo deve aumentar.
Neste final de semana, por exemplo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que "enquanto houver bambu, lá vai flecha".
Segundo a reportagem apurou, antes da prisão, Geddel havia afirmado em conversas reservadas que não pretendia fazer delação premiada caso fosse preso. A personalidade inconstante e explosiva do peemedebista, no entanto, preocupa a equipe presidencial.
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