ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou nesta sexta-feira (30), em depoimento à Justiça, que visitou terreno comprado pela Odebrecht na busca de uma nova sede para a entidade, mas disse que nunca soube que a empresa pagaria pelo imóvel.
"Nunca fui informado que haveria esse recurso. Tanto é que trabalhei o tempo todo para alugar o imóvel", declarou ao juiz Sergio Moro.
Paulo Okamotto depôs como testemunha na ação que acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira Odebrecht na compra de um terreno na zona sul de São Paulo, que seria destinado ao Instituto Lula.
Os valores teriam origem em contratos da Petrobras e foram solicitados, segundo o Ministério Público, pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que também é réu na mesma ação.
Okamotto afirmou que não se lembra de quem o indicou o imóvel.
"As pessoas sabiam que a gente estava procurando um escritório, e ofereciam imóveis", afirmou. "Não sei se fui eu que pedi [para visitar o terreno], ou se alguém me alertou; realmente, não sei quem foi", disse.
O presidente do Instituto Lula afirmou que visitou o local em companhia do ex-presidente e da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2011. Mas Lula afirmou, segundo ele, que "o terreno era inadequado e mal localizado", e que então o descartou imediatamente.
Okamotto disse ter visitado, entre 2011 e 2014, cerca de 20 imóveis para o instituto.
Para a defesa de Lula, o depoimento demonstra que o ex-presidente "jamais recebeu a propriedade do imóvel" e que a acusação contra o petista é "despropositada".
O advogado Cristiano Zanin Martins argumenta que qualquer patrimônio do instituto, de acordo com o estatuto, não seria de Lula, mas da associação, e, em caso de liquidação, será destinado a outras entidades com fins institucionais.
AÇÃO
Na ação, oferecida em dezembro de 2016, a Operação Lava Jato acusa Lula de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi a primeira vez que o ex-presidente foi acusado formalmente por relações com a Odebrecht pela força-tarefa.
Além de Lula e Palocci, foram denunciadas oito pessoas na ação, incluindo Marisa Letícia e o empreiteiro Marcelo Odebrecht.
A acusação diz que valores que somam R$ 75,4 milhões foram desviados de obras da Petrobras sob responsabilidade da Odebrecht.
Os procuradores sustentam também que, em uma planilha de pagamentos da empreiteira, consta o item "Prédio IL".
A denúncia reiterou à época argumentos como a responsabilidade de Lula pela indicação de diretores na Petrobras, a proximidade com outros acusados na Lava Jato e o suposto benefício que teria obtido pela existência do esquema.
O instituto na ocasião disse que a denúncia repetia "maluquices da coletiva do Power Point".
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