GUSTAVO URIBE E DANIEL CARVALHO
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um dia após o senador Hélio José (PMDB-DF) chamar o governo peemedebista de "corrupto", o presidente Michel Temer exonerou mais um indicado do parlamentar.
Nesta quinta-feira (22), foi demitida a superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) no Distrito Federal, Aline Rezende Peixoto, nome sugerido pelo senador peemedebista.
Na quarta-feira (21), o senador, que votou contra a reforma trabalhista na CAS (Comissão de Assuntos Sociais), reclamou da exoneração de dois indicados, chamou o governo peemedebista de "corrupto" e acusou o Palácio do Planalto de montar um "balcão de negócios".
Hélio José disse ter se sentido ameaçado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e admitiu ter sido influenciado pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), um dos principais críticos das reformas defendidas pelo governo.
Na quarta-feira (21), foram exonerados Vicente Ferreira, do cargo de diretor de planejamento e avaliação da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste), e Francisco Nilo Gonsalves Júnior, que era superintendente da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no Distrito Federal.
Em agosto do ano passado, foi divulgado um áudio em que Hélio José defende a indicação de Nilo Gonsalves, afirmando que nomeava "a melancia que quiser" para o posto e que quem não "estiver com ele" pode "cair fora".
PSDB
O Palácio do Planalto está fazendo um levantamento também de indicados dos senadores Eduardo Amorim (PSDB-SE) e de Otto Alencar (PSD-BA), que votaram contra a reforma, e de Sérgio Petecão (PSD-AC), que faltou à sessão da comissão.
Nas palavras de um ministro, pelo menos por enquanto, a ideia não é retaliá-los. O presidente espera contar com a mudança deles na votação em plenário e leva em consideração também o histórico de apoio ao governo.
Ainda assim, o presidente pretende ter na semana que vem uma conversa com o comando do PSDB, que havia garantido a ele apoiar integralmente as reformas governistas. O Palácio do Planalto tem responsabilizado a legenda pela derrota.
A intenção do presidente é evitar novas traições do partido na votação do relatório na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), aguardada para a próxima semana.
A assessoria de Otto Alencar informou que o senador não tem cargos na gestão e que, apesar de seu partido integrar a base aliada, ele tem mantido postura crítica.
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