DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - A polícia britânica divulgou nesta segunda-feira (5) os nomes de dois dos três terroristas responsáveis pelo ataque que deixou sete mortos e 48 feridos em Londres no sábado.
Eles foram identificados como o britânico Khuram Shazad Butt, 27, nascido no Paquistão, e Rachid Redouane, 30, que afirmava ter origem marroquina e líbia. O nome do terceiro cúmplice permanece desconhecido. Todos foram mortos pela polícia durante o atentado.
No que poderá ser mais um constrangimento ao governo, Butt já havia sido investigado em 2015 pelos serviços de segurança e tinha inclusive aparecido no documentário sobre extremismo "Os Jihadistas da Casa Ao Lado". À época, ele não foi considerado uma ameaça.
Há 500 investigações do tipo em andamento envolvendo 3.000 suspeitos em potencial, afirma a polícia, e não há recursos e pessoal para acompanhar todos.
Esse radical apoiava o grupo Al-Muhajiroun, banido no Reino Unido. O líder da agremiação, Anjem Choudary, foi acusado de recrutar mais de cem britânicos suspeitos de atividade terrorista.
Butt foi visto no mês passado distribuindo panfletos pedindo que muçulmanos não participassem das eleições desta quinta-feira (8). Para extremistas como ele, é proibido validar a democracia participando de pleitos.
O terrorista havia feito essa mesma campanha em 2015, quando foi expulso de ao menos uma mesquita londrina. Ele gritava "somente Deus está no comando", interrompendo o pregador.
No documentário sobre extremismo do Canal 4, exibido no ano passado, Butt aparecia rezando diante de uma bandeira negra, como aquela utilizada pela organização terrorista Estado Islâmico o símbolo, porém, não é exclusivo da milícia.
Aparecem também no vídeo radicais como Abu Rumaysah, que uniu-se às fileiras do Estado Islâmico. Ele é suspeito de ser um dos mascarados responsáveis pelos assassinatos gravados pela facção radical, como a decapitação de prisioneiros.
Butt respondia também pelo nome Abu Zaitun e era conhecido como Abs por seus amigos de academia, segundo o jornal britânico "Guardian". Obcecado pela equipe do Arsenal, ele vestia uma camiseta do time quando participou do atropelamento e esfaqueamento de sábado na ponte de Londres e no mercado Borough.
O segundo responsável pelo ataque de sábado, Rachid Redouane, não era conhecido pelas autoridades. Ele trabalhava como chef e havia recentemente vivido em Dublin ele foi reconhecido por uma identidade irlandesa encontrada em seu corpo, após o atentado.
Um líder muçulmano da Irlanda havia reclamado às autoridades da presença de extremistas no país, mas, em entrevista à imprensa britânica, ele afirmou que não houve investigação.
Em um gesto incomum, comunidades islâmicas britânicas se recusaram a realizar as cerimônias religiosas dos funerais de Butt e Redouane.
O ataque foi o terceiro a atingir o Reino Unido em pouco mais de dois meses, após um incidente semelhante na ponte de Westminster, em 22 março, e o atentado que matou 22 pessoas em um concerto pop em Manchester, norte da Inglaterra, menos de duas semanas atrás.
Em meio às ameaças à segurança, o Reino Unido terá eleições gerais na quinta-feira (8). Após breve interrupção, a campanha foi retomada nesta segunda-feira. De acordo com especialistas, o ataque não deve influenciar o resultado do pleito.
VIGÍLIA
Diversos dos presentes na vigília pelas vítimas, nesta segunda-feira, representavam grupos muçulmanos.
O evento reuniu centenas de pessoas à beira do rio Tâmisa, no centro de Londres. Um grupo caminhava com a camiseta "sou muçulmano, me pergunte o que quiser".
"Queremos mostrar que os responsáveis por esse ataque não seguiam o islã", disse à reportagem Kamran Cheema, que tem origem paquistanesa.
Em outra parte da vigília o coletivo britânico Somos Um, de cuidado a refugiados, esticava uma longa cartolina no gramado pedindo para que as pessoas escrevessem mensagens de solidariedade aos familiares das vítimas.
"Viemos oferecer nossa condolência, porque sentimos essa dor", disse Pru Waldorf, 37. "Mas não podemos deixar de demonstrar nosso apoio aos refugiados que vêm ao Reino Unido."
A vigília foi encerrada por um discurso do prefeito de Londres, Sadiq Khan. "Quero enviar uma mensagem clara aos extremistas doentios que cometeram esses crimes horrendos. Nós vamos derrotá-los. Vocês não vão vencer."
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