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Líder do Palestina para Tod@s é preso após confronto com direita anti-imigração

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Militar de São Paulo deteve na noite desta terça-feira (2), na avenida Paulista, ao menos dois palestinos que se envolveram em confronto com um grupo de direita contrário à nova Lei de Migra

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.05.2017, 10:00:08 Editado em 06.05.2017, 13:23:27
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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Militar de São Paulo deteve na noite desta terça-feira (2), na avenida Paulista, ao menos dois palestinos que se envolveram em confronto com um grupo de direita contrário à nova Lei de Migração.

Um deles é Hasan Zarif, líder do movimento Palestina para Tod@s e dono do Al Janiah, bar no Bexiga (região central de São Paulo) com comes e bebes árabes administrado por refugiados e militantes da causa palestina.

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Segundo Hugo Albuquerque, advogado de Zarif, seu cliente e ao menos um amigo palestino, identificado como Nur, apanharam de manifestantes da Marcha Contra a Lei da (i)Migração.

"De tão machucado", Nur foi levado a um pronto-socorro, "com possível nariz quebrado e muitas escoriações", diz o defensor. Já Zarif foi encaminhado à 78ª Delegacia de Polícia, nos Jardins.

A PM ainda não explicou o motivo da detenção. De acordo com Albuquerque, os policiais estão "comprando a versão [dos ativistas anti-imigração], como se os palestinos tivessem atacado o grupo".

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O advogado diz que uma bomba caseira estourada na Paulista partiu dos manifestantes. "A situação é séria, este confronto com grupos de extrema-direita. Houve ofensas, houve vias de fato, e a polícia interveio só por um lado." Na delegacia estava também Reginaldo Nasser, chefe do departamento de relações internacionais da PUC-SP e amigo de Zarif.

Coordenador da Direita São Paulo, grupo que organizou a passeata, André Petros Angelides dá uma versão diferente dos acontecimentos.

Ele diz que o grupo protestava "pacificamente" quando, quase em frente à estação Consolação de metrô, "uma bomba caseira foi jogada na direção da gente".

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"Eu vi a bomba saindo da calçada e caindo no meio da galera. Machucou a perna de um dos nossos manifestantes."

A organização postou um vídeo em que os dois lados trocam socos e chutes. Quando policiais intervêm (ora para separar a briga, ora para coibir os agressores), começa o coro: "Viva a PM! Viva a PM!". Também escuta-se alguém dizer: "Comunista tem que morrer".

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Com nariz sangrando, um representante da direita diz que foi "agredido numa manifestação pacífica". Um senhor chamado de Antonio, com a blusa manchada de sangue, afirma: "É uma vergonha, é uma vergonha. Comunistas vagabundos!".

Outro vídeo mostra o momento em que um bomba é arremessada contra o protesto. A Direita São Paulo diz que o artefato veio de um rapaz "de etnia árabe", mas não é possível ver quem o jogou.

Angelides afirma ainda que um rapaz "agrediu uma mulher do nosso grupo, deu um soco no queixo dela". Só aí eles teriam revidado. "Ele acabou sendo agredido."

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Ele não soube dizer se algum manifestante do Direita São Paulo foi levado à delegacia. "Mas [nossa postura] se enquadra como legítima defesa, né, querida. Uma bomba foi jogada no meio do nosso grupo. Isso é um ato terrorista."

Descendente da família real e líder do movimento Acorda Brasil, Luiz Philippe de Orleans e Bragança foi à passeata direitista e também definiu o que aconteceu como um "ataque terrorista". À 1h, publicou em seu perfil no Facebook um vídeo da delegacia, onde se reuniu com "o pessoal da marcha".

Em vídeo postado no Facebook, o presidente do Direita São Paulo, Edson Salomão, diz que "um desses agressores é estrangeiro, muçulmano e de nacionalidade palestina".

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"Veja só o tipo de comportamento ele quer trazer para nossa nação. Sabemos que ele é totalmente contra Israel. Nós apoiamos declaradamente Israel, como na marcha pró-Trump [o presidente dos EUA, Donald Trump] que realizamos em setembro passado", afirma.

O suposto agressor seria reincidente, por já ter usado de violência contra manifestantes antes, segundo Salomão. "Nem português o cara sabe falar direito."

Ele ainda critica "esquerdopatas" que se alinham aos palestinos. Nessas horas, afirma, "advogados brotam, logo chegam representantes dos direitos humanos. Não duvido nada que o [vereador do PT] Eduardo Suplicy apareça daqui a pouco".

Neto de boliviana e grego, Angelides afirma que o problema não são imigrantes em si, mas aqueles que não se adaptam à cultura brasileira. Diz ele defender a vinda de "gente honesta" -uma "imigração com fundamento" e sem "fundamentalistas islâmicos", como estaria ocorrendo na Europa.

Marcharam na terça contra a nova lei da migração, proposta em 2015 pelo então senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), hoje ministro das Relações Exteriores. "Todo mundo conhece o passado dele, de terrorista, de motorista do Carlos Marighella. Agora ele não deixa de ser um terrorista de terno, com o poder da caneta na mão", diz Angelides.

Na juventude, Nunes militou na Ação Libertadora Nacional, grupo de guerrilha capitaneado por Marighella contra a ditadura militar.

Até a madrugada de quarta, a reportagem não conseguiu falar com a PM para acessar o Boletim de Ocorrência.

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