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Indígena defende demarcação de terra e é demitido por governador

MARCELO TOLEDO RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário do Índio de Roraima, Dilson Ingarikó, 42, foi demitido na manhã desta segunda-feira (17) pelo governador interino Paulo Quartiero (DEM) sob a alegação de defender a demarcação de terras indígen

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.04.2017, 17:15:07 Editado em 17.04.2017, 17:15:09
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MARCELO TOLEDO

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RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário do Índio de Roraima, Dilson Ingarikó, 42, foi demitido na manhã desta segunda-feira (17) pelo governador interino Paulo Quartiero (DEM) sob a alegação de defender a demarcação de terras indígenas.

Quartiero assumiu o cargo após pedido de afastamento de uma semana da governadora Suely Campos (PP), que deve retornar à função na próxima semana.

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Segundo Ingarikó, a demissão foi informada após ser chamado para uma reunião no gabinete do governador. Roraima é o único Estado do país a ter uma pasta exclusiva para a causa indígena.

"Ele me chamou hoje cedo só para informar. Já tinha feito a exoneração e só comunicou", disse o agora ex-secretário.

Ingarikó afirmou que, no encontro, ouviu críticas do governador à demarcação de terras indígenas e que a pasta estava defendendo as definições desses territórios.

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Roraima tem cerca de 50 mil indígenas distribuídos em mais de 30 comunidades, para uma população total de 514 mil habitantes. Entre as terras indígenas mais conhecidas estão Raposa/Serra do Sol, São Marcos, Vaimiri-atroari e Ianomâmi.

"Disse que nós, na secretaria, estávamos dando aval para outras demarcações. Sou liderança indígena, não nego meu apoio à causa. O que tentamos fazer é organizar, fortalecer os indígenas. Aí vem uma pessoa que não gosta do índio mesmo [e faz isso]", disse.

A demissão ocorre a dois dias do Dia do Índio, celebrado na quarta-feira (19), e no mesmo mês em que a governadora Suely Campos (PP) foi batizada numa comunidade indígena do Estado.

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Na comunidade Nova Esperança, o tuxaua (líder) João Wapixana pintou o rosto da governadora com traços vermelhos e ela foi batizada como Kaikusi Sokoropan (que significa "onça valente").

A expectativa de lideranças indígenas ouvidas pela Folha é que a governadora reverta a decisão de Quartiero ao reassumir o posto.

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Mas setores da administração criticam Ingarikó por posicionamentos recentes, como no imbróglio entre o próprio governo do Estado e os vaimiri-atroari, que fecham diariamente, por 11 horas, a BR-174.

Enquanto a Procuradoria-Geral do Estado tenta judicialmente obter a liberação do tráfego de veículos 24 horas por dia no trecho da terra indígena, Ingarikó disse pregar negociação entre as partes, critica os que defendem o desenvolvimento "a qualquer custo" e diz que os vaimiri-atroari querem uma indenização que possa envolver a proteção da fauna e beneficiar a comunidade para liberar a rodovia.

"Alegaram até que fiz postagens em redes sociais comemorando agora. Não publiquei nada, mas não negaria nunca meu apoio para demarcações indígenas. Há muitos anos, publiquei a frase 'vamos à luta, a luta continua', que foi usada para nossa exoneração."

Além dele, o secretário-adjunto, Hugo Cabral, também foi demitido nesta segunda por Quartiero, que é produtor rural -categoria que vive em conflitos com indígenas devido ao uso da terra.

A Folha procurou a Secretaria de Comunicação do governador, mas ainda não obteve resposta. A assessoria de Quartiero informou que ele falará sobre o assunto na tarde desta segunda.

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