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'Prefiro pagar multa a pagar propina', diz delator Benedicto Júnior

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O esquema de doações e pagamento de propinas a políticos, em troca de vantagens na contratação de obras da Odebrecht por agentes públicos, é algo de que a empresa irá se libertar, após os processos desencadeados pela Operação

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.04.2017, 11:40:02 Editado em 17.04.2017, 11:40:05
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O esquema de doações e pagamento de propinas a políticos, em troca de vantagens na contratação de obras da Odebrecht por agentes públicos, é algo de que a empresa irá se libertar, após os processos desencadeados pela Operação Lava Jato. É a aposta do ex-diretor-presidente da empreiteira, Benedicto Júnior. Em sua delação a investigadores da força-tarefa, anexada ao inquérito do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ele se penitencia: "Prefiro pagar minha multa sobre o passivo que geramos do que pagar propina pra terceiros".

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"Se fizer a conta, a empresa, ao se libertar desse esquema, por um período vamos pagar essa multa. Mas vamos deixar de pagar agentes públicos, que não vão cobrar da gente nunca mais porque não vamos mais pagar", continuou.

Benedicto Júnior, conhecido também pelo apelido BJ, respondia a um questionamento de procuradores sobre a disposição da empreiteira em abandonar a suas atividades corruptas.

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Em 2015, quando a Lava Jato já havia prendido o herdeiro e presidente Marcelo Odebrecht, o patriarca Emílio Odebrecht determinou o fim da propina e do caixa dois em sua empresa, que contava com um departamento sofisticado para arranjar os ilícitos. Em março de 2016, os executivos começaram a negociar seus acordos de delação com a Justiça.

LUCRO

Para Benedicto Júnior, sem corrupção a empresa pode sair no lucro -de onde, justamente, eram descontados os repasses a políticos.

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O executivo também detalhou como a empreiteira absorvia os custos da corrupção em suas contas.

Se um representante da Odebrecht conseguia viabilizar determinada obra, os custos com os pagamentos a agentes públicos eram repassados ao centro de custo da obra.

O valor era abatido do lucro que esse executivo receberia por ter conseguido tirar o projeto do papel, geralmente, de 2% a 2,5% sobre os dividendos.

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O custo da corrupção era organizado em um sistema secreto, o Drousys, desenvolvido para comunicação, troca de e-mails, arquivo e solicitações com pessoas fora da Odebrecht, principalmente operadores e diretores de bancos.

Diretores que não estavam envolvidos com os pagamentos não tinham acesso ao dispositivo, segundo BJ. Ficavam sabendo, verbalmente, de que deveriam abater os repasses a políticos, mas pedia-se que esses valores não ficassem registrados.

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"Eles evitavam planilhas com contabilidade que não existia. Era feito por aferição, presumia que tinha um compromisso [com repasses] de 1,7%, então você abatia", contou BJ. Os acertos se baseavam na confiança mútua entre os executivos.

E em uma gestão sem as propinas, a Odebrecht pode baratear suas obras?

"Em tese, sim", respondeu o ex-diretor ao Ministério Público Federal. "A maioria das práticas [de propina] saía do lucro. Não sei se na hora da competição, em si, esse 2,5% [a menos] tira do valor para ofertar uma obra mais barata."

BJ diz que os preços de obras públicas, com a construção de uma linha de metrô, vêm tabelados na concorrência. Mas que o fim do departamento de propinas, que imprimia seu custo nos projetos, pode baratear as concorrências.

Ele, no entanto, relativiza: "Na maioria das vezes, [esses 2%] eram pedidos depois [da licitação], porque a empresa poderia não ganhar a obra porque estava acima do preço da concorrência".

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