MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

Delação aponta fraudes em 4 obras em SP

SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA MARIO CESAR CARVALHO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) costumava dizer que o túnel que Gilberto Kassab (PSD) planejava construir em 2009 na avenida Roberto Marinho, uma obra de R$ 2,3 b

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.04.2017, 07:35:09 Editado em 17.04.2017, 07:35:10
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

SÓ PODE SER REPRODUZIDA COM ASSINATURA

continua após publicidade

MARIO CESAR CARVALHO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) costumava dizer que o túnel que Gilberto Kassab (PSD) planejava construir em 2009 na avenida Roberto Marinho, uma obra de R$ 2,3 bilhões, era "um shopping center da corrupção".

continua após publicidade

"Shopping" no sentido de que havia ali de tudo: suspeita de superfaturamento, cartel, pagamentos antecipados e alteração no projeto para favorecer empreiteiras.

A delação da Odebrecht aponta que em pelo menos um ponto Haddad tinha razão. A obra foi direcionada para a empreiteira, segundo o ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal: esse tipo de obra era uma especialidade da construtora.

Outras grandes obras, sobre as quais havia suspeitas de corrupção, aparecem na delação da empreiteira, como a linha 2-verde do Metrô, o Rodoanel e a Arena Corinthians. Nas quatro obras, os pagamentos ilícitos da Odebrecht somam R$ 32 milhões. O maior deles, de R$ 17,9 milhões, foi pago na obra do Metrô.

continua após publicidade

Na linha 2-verde do Metrô, um contrato de 1991 foi usado para retomar a obra em 2006, contrariando a lei que determina que um contrato público vale por cinco anos.

A Odebrecht diz que conseguiu reativar o negócio pagando R$ 10 milhões ao então presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayse David, e R$ 3 milhões para dois diretores da companhia, Sérgio Brasil e Décio Tambeli.

A obra ficou ficou R$ 37,7 milhões mais cara na retomada. Um suposto representante dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, Luiz Carlos Ferreira, levou R$ 275 mil, segundo os delatores, para que o órgão não apontasse problemas. José Serra (PSDB) recebeu R$ 4,6 milhões nesse contrato, segundo o delator Fábio Gandolfo.

continua após publicidade

No trecho sul do Rodoanel, Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora, disse que houve divisão de obras entre 12 empreiteiras, o que pode caracterizar fraude à licitação e cartel. Então governador, Serra, recebeu R$ 14,2 milhões, dos quais R$ 3 milhões teriam sido pagos à campanha de Kassab à Prefeitura de São Paulo em 2008. Serra e Kassab negam qualquer irregularidade (leia abaixo).

Houve propina no Rodoanel até quando o preço da obra foi reduzido, segundo a delação da Odebrecht. O autor do pedido foi um diretor do Dersa, Paulo Vieira Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele pediu 0,75% do valor dos contratos de R$ 3,6 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 27 milhões.

continua após publicidade

A Odebrecht diz ter depositado a parte dela, de R$ 2,2 milhões, na conta na Suíça de um lobista ligado ao PSDB, José Amaro Pinto Ramos. Outros R$ 4 milhões foram pagos na conta desse mesmo lobista, a favor de Serra, segundo Pedro Novis, ex-presidente da empreiteira.

O túnel da avenida Roberto Marinho mostra como a Odebrecht não fazia distinção entre caixa dois e propina, um crime mais grave. Antes de a obra começar, Paulo Preto a citou ao pedir R$ 2 milhões de propina à Odebrecht.

Carlos Alexandre Paschoal diz que a empresa não aceitou a antecipação porque já havia dado R$ 3,4 milhões para a campanha de Kassab em 2008, via caixa dois. O caixa dois em campanha podia servir para compensar propina.

continua após publicidade

Um secretário de Kassab, no entanto, ganhou R$ 200 mil antes de a obra começar.

A construção da Arena Corinthians, obra de R$ 1,2 bilhão, foi financiada por métodos heterodoxos, disse Marcelo Odebrecht. O BNDES acertou financiamento de R$ 400 milhões em jantar na casa de Marcelo com Luciano Coutinho, presidente do banco.

Em depoimento, Marcelo afirma que fazer o estádio para a abertura da Copa de 2014 não fazia sentido. "É um absurdo. Você faz o estádio para um dia e depois tem de desmontar um bocado de coisas."

Por esse motivo, segundo Marcelo, a obra estimada em R$ 400 milhões saltou para mais de R$ 1 bilhão.

Delatores disseram que o deputados Andrés Sanches (PT-SP) e Vicente Cândido (PT-SP) receberam R$ 3 milhões e R$ 50 mil para o caixa dois de suas campanhas.

No caso de Cândido, os delatores especificaram que a doação foi feita em 2010 para que ele ajudasse no financiamento.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "Delação aponta fraudes em 4 obras em SP"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!