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Cunha determinou pagamentos a Jucá, Chinaglia e Mabel, diz delator

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) determinou que a Odebrecht distribuísse R$ 30 milhões ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), ao deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e ao ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), segundo H

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.04.2017, 13:25:08 Editado em 13.04.2017, 13:25:12
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) determinou que a Odebrecht distribuísse R$ 30 milhões ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), ao deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e ao ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), segundo Henrique Valladares, ex-presidente da Odebrecht Energia, disse à Procuradoria-Geral da República.

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Em delação premiada, Valladares disse ainda que outros R$ 20 milhões foram entregues ao próprio Cunha, que distribuiria o valor entre ele e aliados.

No sistema de pagamentos de propina da empreiteira, Cunha era "Caranguejo", Jucá era "Caju", Chinaglia era "Grisalho" e Mabel era o "Torrada".

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De acordo com o delator, os recursos foram dados em troca da defesa do consórcio formado entre Odebrecht e Furnas para a construção da hidrelétrica de Santo Anônio.

Valladares afirma que, após o consórcio realizar estudos pela viabilidade do complexo hidrelétrico do rio Madeira, composto pelas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, passou a sofrer retaliações do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois contrariou entendimentos à área energética, então comandada pela agora ex-presidente Dilma Rousseff.

"Contrariou o governo, o ministério com a Dilma como responsável, porque ela criou estruturas gigantes para desenvolver este papel e não conseguiu desenvolver nada. De repente, Odebrecht e Furnas surgem com dois projetos", afirmou Valladares. "A implicância toda é pelo fato de termos obtido êxito num projeto que ninguém acreditava enquanto a estrutura gigante que havia sido montada pelo governo não tinha dado em nada", disse o ex-presidente da Odebrecht Energia.

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Diante da "implicância" relatada pelo relator, ele afirma que a empreiteira perdeu o leilão da hidrelétrica de Jirau, vencido pela Tractebel-Suez.

"Aceitou-se proposta de menor preço, porém com objetivo totalmente distinto do licitado, direcionando ilegalmente o resultado da licitação em favor da multinacional francesa Suez", afirmou.

Em 2008, data do leilão de Jirau, Valladares procurou o deputado Eduardo Cunha, influente tanto no Congresso quanto em Furnas.

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"Não fomos nós que colocamos Eduardo Cunha lá. Quem colocou foi Lula, dentro da política multipartidária dele. Aquilo ali era um feudo de Eduardo Cunha", disse Henrique Valladares.

Ele afirma que o herdeiro e ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, disponibilizou R$ 50 milhões para a compra de apoio no Congresso.

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"O pagamento foi feito para obter o empenho dele na defesa do interesse comum de Odebrecht e Furnas", explicou o delator. "Doutor Marcelo me deu o número de R$ 50 milhões para eu colocar na mesa como oferecimento ao doutor deputado Eduardo Cunha para que ele, com esse dinheiro, buscasse o apoio político, a critério dele. Buscasse distribuir de tal forma que ele obtivesse o apoio político necessário para neutralizar essa ação principalmente da Casa Civil, mas também da Eletorbras e de outros."

Nesta época, a Casa Civil já era comandada por Dilma Rousseff.

Cunha determinou que Valladares pagasse R$ 10 milhões a cada um dos indicados por ele.

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"Se foi caixa um ou caixa 2, não me pergunte que eu não sei", disse Valladares ao Ministério Público.

CARTA AO PRESIDENTE

Em seu depoimento, Valladares afirmou que Emílio Odebrecht, patriarca e ex-presidente do grupo, relatava sua indignação com a "implicância" do governo diretamente ao então presidente Lula.

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"Eu vi ele escrever cartas de duas, três páginas do próprio punho para o presidente Lula, relatando esses fatos grotescos que estão acontecendo no governo dele", disse Henrique Valladares, ressaltando problemas com Dilma

"Todas as vezes que Emílio Odebrecht esteve com o presidente Lula [falando] sobre este tema, voltou para mim com a notícia de que ele estava absolutamente convencido dos nossos direitos e de que ia reverter o processo. [Mas] bastava a dona Dilma chegar na sala que o disco virava ao contrário rapidinho. Nós deixávamos de ser os mocinhos e passávamos a ser os bandidos em 100% das vezes. Não adiantava cartas de amor escritas à mão, não adiantava nada disso. Ela atropelava. Não tinha força capaz de superar isso. Não tinha, não existia", disse Valadares.

OUTROS LADOS

O senador Romero Jucá disse, por meio de sua assessoria, que "recebe todas doações de campanhas de forma regular e dentro da legislação".

A assessoria do ex-presidente Lula informou não ter o que comentar.

A assessoria de Dilma informou que divulgaria uma nota ao longo desta quinta-feira (13), o que não havia ocorrido até o início desta tarde.

A defesa de Eduardo Cunha não se manifestou, assim como o ex-deputado Sandro Mabel. Ambos foram procurados na manhã desta quinta (13).

Arlindo Chinaglia não atendeu a ligação da reportagem. Em nota divulgada quando teve seu nome citado como alvo de inquérito, afirmou estar "determinado a buscar, junto ao Supremo Tribunal Federal, todas as informações para que a verdade prevaleça".

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