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Cunhado mencionado em delação da Odebrecht é aliado fiel de Alckmin

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER E PAULO GAMA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quatro dias antes de ter seu nome divulgado nas delações da Odebrecht, sob acusação de receber "pessoalmente" parte dos R$ 10,7 milhões que a empreiteira teria dado a seu cunhado Geraldo

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.04.2017, 06:10:04 Editado em 13.04.2017, 06:10:05
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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER E PAULO GAMA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quatro dias antes de ter seu nome divulgado nas delações da Odebrecht, sob acusação de receber "pessoalmente" parte dos R$ 10,7 milhões que a empreiteira teria dado a seu cunhado Geraldo Alckmin, Adhemar César Ribeiro foi marcado no Facebook. Era a foto de uma mulher sorridente jogando papéis para o alto.

"Não há mau humor e estresse que resistam à magia da sexta no final do expediente!", dizia a legenda de um anúncio da Youw, empresa recém-aberta de sua família, com escritórios compartilhados na paulistana av. Brigadeiro Faria Lima.

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A semana começou pouco mágica para Adhemar, um dos 11 irmãos da primeira-dama paulista, Lu Alckmin, que na internet exalta ter nascido "numa família numerosa e unida". Em dezembro, a Folha de S.Paulo antecipou que o cunhado do governador compartilhou um escritório seu para a entrega de recursos da Odebrecht, segundo os termos da delação agora tornada pública.

Ele é braço-direito do governador há mais de uma década. Em 2006, com sua ajuda, o comando da campanha presidencial do tucano montou um gabinete para o comitê financeiro. Após a derrota para Lula (PT), por um período o tucano usou o espaço de uma das empresas do cunhado, na avenida Nove de Julho.

A reportagem conversou com três aliados de Alckmin que tiveram contato com Adhemar em campanhas prévias. O trio descreve a relação dos cunhados como "íntima" e "discreta". Em 2010, quando o tucano concorreu ao governo de SP, "só tratava dessas coisas [dinheiro] com o Adhemar", diz um correligionário. O cunhado é visto como um "um aliado fiel", que só faria algo com autorização expressa do marido da irmã.

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Não é a primeira vez que Adhemar é associado a um esquema de corrupção. Ele sequer é o único irmão de dona Lu com imbróglios legais.

Em 2011, a coluna "Painel" publicou a nota "Os Cunhados": "Entre as encrencas a envolver os irmãos da primeira-dama, a que mais aborreceu Alckmin foi a protagonizada por Adhemar. Ao contrário de Paulo Ribeiro, investigado na máfia da merenda em Pindamonhangaba e de quem o governador nunca foi próximo, Adhemar sempre desfrutou da confiança do tucano".

Naquele ano, a Corregedoria-Geral da Prefeitura de São Paulo reabriu investigação já arquivada na gestão Marta Suplicy (PT). Alvo: Wall Street, empresa da qual ele era procurador, e sua esposa e filhos, sócios. Suspeita: falsificação de papéis que teria fraudado o município em R$ 4 milhões.

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Na época, Adhemar reclamou de perseguição por ter ajudado seu cunhado a arrecadar dinheiro na eleição de 2008. O racha entre Gilberto Kassab, que acabou virando prefeito, e Alckmin (terceiro lugar) monopolizava o noticiário. Adhemar também se queixou de ter um prédio lacrado pela Prefeitura de Kassab.

Outro endereço de Adhemar virou notícia em 2016. Aos 75 anos, o empresário foi alvo de uma quadrilha especializada em invasões de casas de luxo. Segundo o Boletim de Ocorrência, ele dormia em sua mansão no Morumbi quando bandidos encapuzados arrombaram a porta de seu quarto.

"Ao sentar na cama, o sr. Adhemar foi agredido com um soco no peito, e ao levantar, com um soco no estômago. Colocaram uma arma em sua cabeça." Levaram-lhe dois cofres com joias, relógios, dinheiro e um revólver calibre 38. É nesta casa que ele mora com a esposa, Maria Paula Abreu, filha de Paulo Abreu (1912-1991) --senador nos anos 1950 que dá nome ao edifício do Banco das Nações, que fundou em São Paulo. Adhemar é o atual presidente-executivo do Grupo Nações, segundo o site da companhia, que atua em investimento imobiliário (Wall Street Empreendimentos), estacionamento (Ceasa Park), agropecuária, construção, seguros e aeronáutica. É nesta casa que ele esperava visita do governador na noite de terça, como contou, por telefone, um de seus empregados. A Folha questionou a assessoria de Alckmin sobre o encontro (sem resposta) e eventuais participações de seu cunhado em campanhas.

Adhemar "nunca teve papel" nelas -"foi, sim, um apoiador, como centenas de outros", diz a equipe do tucano. O empresário foi procurado em casa e no escritório várias vezes ao longo de quarta. Não respondeu nenhum recado.

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