RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, anunciou na noite desta terça-feira (14) que voltou atrás na nomeação de Solange Almeida à secretaria estadual de Proteção e Apoio à Mulher e o Idoso.
Solange é ré em processo na Lava Jato e já foi condenada em segunda instância por improbidade administrativa.
Pezão recriou a secretaria, que havia sido extinta no processo de ajuste fiscal do Rio, para acomodar Almeida, que é aliada de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e que está atualmente preso no âmbito das investigações da Lava Jato.
Almeida é ex-deputada federal, ex-prefeita de Rio Bonito e atualmente faz parte dos quadros do PMDB do Rio.
Ela foi denunciada junto com Cunha, que foi acusado pela Procuradoria-Geral da República por ter supostamente recebido US$ 5 milhões em propina. Almeida foi denunciada na mesma investigação.
Na segunda-feira (13), quando a nomeação foi publicada no Diário Oficial, Pezão afirmou que almeida faria um grande trabalho e que o fato de ela responder a acusações não o incomodava.
Um dia depois, no entanto, o governo do Rio divulgou em nota a demissão da secretária, que nem chegou a tomar posse.
Ao longo desta segunda, a oposição e as redes sociais reagiram à nomeação. Pesaram as ligações com Cunha e pelo fato de o antecessor de Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral, estar preso, acusado de envolvimento em supostos esquemas de corrupção na Lava Jato.
Também não pegou bem o fato de o governo, afundado em sua mais grave crise fiscal, ter criado uma nova secretaria apenas para acomodar um aliado.
Em comunicado, o governo diz que Pezão tomou a decisão de voltar atrás na nomeação "após recebimento de um comunicado do Ministério Público Federal", que dava conta da condição de ré de Almeida.
Nesta terça-feira, dois agentes públicos que estão na ativa no governo de Pezão foram presos pela operação Lava Jato.
Heitor Lopes de Sousa Junior, diretor da rio Trilhos, e Luiz Carlos Velloso, subsecretário de Turismo de Pezão, foram presos por suspeita de desvios nas obras da Linha 4 do metrô do Rio, uma das bandeiras de campanha de Pezão.
Velloso foi braço direito de Júlio Lopes, quando o atual deputado federal pelo PP era secretário de Transportes. À época dos supostos desvios, ele era subsecretário da pasta.
Nenhum dos dois foi exonerado ainda. Procurado sobre o assunto, Pezão ainda não se pronunciou.
As duas secretarias -Transportes e Turismo- disseram desconhecer a denúncia feita pelo Ministério Público Federal.
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