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Jornalistas descrevem dificuldades da cobertura de conflitos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o tema "Não Atire, Sou Jornalista", na manhã desta sexta (19) no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, o Encontro Folha de Jornalismo discutiu a cobertura em áreas de conflito, da Síria à periferia de São Paulo.

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.02.2016, 14:34:49 Editado em 27.04.2020, 19:52:50
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o tema "Não Atire, Sou Jornalista", na manhã desta sexta (19) no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, o Encontro Folha de Jornalismo discutiu a cobertura em áreas de conflito, da Síria à periferia de São Paulo.
James Harkin, free-lancer irlandês nos conflitos do Oriente Médio, autor do livro "Hunting Season", sobre a campanha de sequestro de jornalistas pelo Estado Islâmico, e Mayte Carrasco, free-lancer espanhola na região, se concentraram na cobertura na Síria, que descrevem como mais complexa do que em guerras anteriores -e exigindo mais jornalismo, não menos.
Harkin diz que o país mostrou que as novas guerras não cabem na "busca preguiçosa por heróis" que o Ocidente costumava empreender. Grupos antes vistos como "o mal" se transformam depois no "bem". Para revelar de fato o que acontece, seria necessária maior presença jornalística, enquanto a crise no setor, pelo contrário, reduz os recursos.
Ele alertou que o vazio está sendo preenchido por jornalistas ligados a organizações não governamentais ou mesmo órgãos de inteligência e não passam de "relações públicas, pura propaganda".
Carrasco foi pela mesma linha, acrescentando que "o jornalismo cidadão não existe; ninguém vai ao médico e pede um médico cidadão". Ela disse que o jornalismo profissional, na Síria e em outros conflitos, enfrenta violência e sequestros como não acontecia antes em coberturas de guerra. Os jornalistas se tornaram preciosos aos grupos em luta, para trocar por dinheiro ou protagonizar execuções em vídeo.
A única alternativa para quem quer cobrir a guerra é trabalhar "embedded", ao lado de algum dos grupos, o que acaba expondo os jornalistas a mais violência, disse ela. Carrasco também sublinhou que a Síria mostra que os free-lancers, não vinculados diretamente a veículos, são abandonados pelos órgãos para os quais colaboram, o que ela credita à crise no setor.
O documentarista João Wainer, que dirigiu "Junho - O Mês que Abalou o Brasil" e "Pixo", abordou o que chama de "guerra não declarada na periferia de São Paulo". Questionou a maior atenção dada à repressão da polícia contra manifestantes e jornalistas "na avenida Paulista", em contraste com a falta de cobertura sobre as ações da mesma polícia nos bairros.
"A gente tem uma guerra civil muito perto de casa", afirmou, dizendo que a falta de atenção, no caso, não pode ser creditada à crise do jornalismo profissional. "Eu vou a pé até o local do conflito. É muito barato." Para ele, o problema da imprensa no caso é que "as pessoas estão anestesiadas" quanto à violência na periferia.
Questionado pela mediadora, a repórter especial da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, sobre a possibilidade de um conflito mais aberto no Brasil, Wainer chamou a atenção para o Rio de Janeiro. "Depois da Olimpíada, vai ter problema nos morros", afirmou, detalhando tensão em várias favelas "pacificadas".

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