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Outro lobista usou textos da internet para justificar recebimentos, diz PF

GABRIEL MASCARENHAS E RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Operação Zelotes apontou mais um caso de supostos relatórios de consultoria técnica que foram produzidos a partir de colagens de textos e informações disponíveis na internet. Segundo a

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.02.2016, 17:14:24 Editado em 27.04.2020, 19:52:55
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GABRIEL MASCARENHAS E RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Operação Zelotes apontou mais um caso de supostos relatórios de consultoria técnica que foram produzidos a partir de colagens de textos e informações disponíveis na internet.
Segundo a PF, relatórios foram "montados" para justificar um pagamento total de R$ 500 mil do lobista Mauro Marcondes Machado para uma firma de Francisco Mirto Florêncio da Silva, apontado pelo Ministério Público Federal como operador do grupo sob suspeita de ter comprado medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo.
Tanto Marcondes quanto Mirto estão presos desde o ano passado. Marcondes é o mesmo lobista que pagou R$ 2,5 milhões para uma microempresa de um dos filhos do ex-presidente Lula. De acordo com a PF, também os relatórios apresentados por Luis Cláudio Lula da Silva, por meio de seus advogados, foram produzidos a partir da colagem de trechos de material disponível na internet -sua defesa nega irregularidades.
Os novos pagamentos sob suspeita ocorreram entre julho e novembro de 2010 a título de "serviços de pesquisas" supostamente prestados pela CVEM Consultoria Empreendimentos Ltda., pertencente a Mirto, à empresa Marcondes e Mautoni Diplomacia Corporativa. O material foi apreendido na casa de Marcondes em Brasília e o relatório da PF foi anexado nesta terça-feira (16) aos autos da primeira ação penal aberta em decorrência da Zelotes na 10ª Vara Federal do Distrito Federal.
Uma das notas fiscais emitidas pela CVEM por pagamentos da Marcondes e Mautoni foi de R$ 180 mil, outra de R$ 90 mil e mais quatro de R$ 57,5 mil cada uma.
Segundo a PF, os relatórios que justificaram os pagamentos "representam, na verdade, uma coletânea de textos da internet, sugerindo um trabalho intelectual de pesquisa realizados pela empresa, quando na verdade trata-se de verdadeiro plágio, tudo com o objetivo escuso de justificar os pagamentos realizados".
"Percebe-se facilmente que tais relatórios foram 'montados' através de uma compilação de trechos de diversos trechos extraídos da internet, o vulgarmente conhecido 'CTRL+C CTRLV'", diz o relatório de análise datado de 19 de novembro.
REPETIÇÃO
Ainda de acordo com a PF, o mesmo relatório é utilizado em mais de um mês -ou seja, a Mauro Marcondes teria pago duas vezes pelo mesmo serviço- e com valores "bem consideráveis, o que só reforça as suspeitas de que tal prática seja uma espécie de acordo entre pagamentos efetuados e notas que servem apenas para 'esquentar' a movimentação financeira".
Os relatórios foram copiados, de acordo com a análise da PF, de textos disponíveis nos site da Câmara e do Ministério de Ciência e Tecnologia, em portais de notícias e em um blog jornalístico. Os textos tratam das eleições presidenciais de 2010, da situação da atividade mineradora e a entrada de investidores chineses no país, programas de incentivo do governo federal para produção de automóveis e estudos para energia renovável, entre outros temas.
A PF também afirmou que os supostos trabalhos técnicos de Francisco Mirto foram apreendidos na casa de Marcondes e de sua mulher, Cristina Mautoni, e não na empresa Marcondes e Mautoni, "como era de se esperar, por tratar-se de documentação contábil afeta às atividades rotineiras da empresa".
OUTRO LADO
Os advogados de Marcondes e Mirto têm defendido, em audiências de testemunhas na Justiça Federal de Brasília, que apenas exerceram a atividade de "lobby lícito" que, embora não regulamentada no país, não significa crime. Ambas as defesas têm dito que não "compraram" medidas provisórias nem corromperam servidores públicos.
Marcondes disse à reportagem que o país está criminalizando o lobby.
A reportagem não conseguiu contato com Francisco Mirto ou sua defesa até as 17h desta terça.

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