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Ex-Anfavea diz que lobista só podia usar entidade para interesses do setor

GABRIEL MASCARENHAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à ação penal da Operação Zelotes, o ex-diretor-executivo da Anfavea (associação nacional do setor automotivo) Paulo Sotero Pires da Costa afirmou que o lobista Mauro Marcondes não tinha autori

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.02.2016, 13:38:05 Editado em 27.04.2020, 19:53:15
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GABRIEL MASCARENHAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à ação penal da Operação Zelotes, o ex-diretor-executivo da Anfavea (associação nacional do setor automotivo) Paulo Sotero Pires da Costa afirmou que o lobista Mauro Marcondes não tinha autorização para falar em nome da entidade quando fosse tratar de interesses de uma empresa específica.
Na audiência desta terça-feira (2), Costa foi questionado pelo Ministério Público sobre a atuação de Marcondes, que foi vice-presidente da Anfavea.
O procurador responsável pelo caso, Frederico Paiva, afirmou que o lobista se apresentava a integrantes do governo -ao ex-ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e no Ministério da Fazenda- como representante da associação.
"Isso tem sido criticado [internamente]. Se ele fez isso, não poderia ter feito, não. Ou vai defender questão do setor ou se apresenta: 'olha tenho interesse específico nessa empresa'", afirmou o ex-diretor-executivo da Anfavea, entre 1995 e 2013.
Costa, intimado pela defesa do próprio Marcondes, disse que o ex-colega só poderia falar pela entidade nas situações em que fosse tratar dos temas de interesse do setor, como um todo.
Ele informou ainda que era público e notório que Mauro Marcondes tinha uma consultoria, a Marcondes e Mautoni. Acrescentou que o lobista fazia reuniões em seu escritório para discutir assuntos relativos ao ramo automotivo.
"Eu não poderia participar disso [das reuniões na Marcondes e Mautoni]. Estive lá em uma ocasião para fazer palestra sobre a indústria automotiva no Brasil", contou Costa.
Perguntado por que não comparecia aos encontros organizados na empresa de Marcondes, Costa justificou: "Minha vida é um padrão ético".
Ele prestou depoimento por vídeo-conferência, de São Paulo, em contato direto com a sala de audiências da Justiça Federal em Brasília. Ao final de sua participação, Costa pediu a palavra espontaneamente para fazer um esclarecimento.
"Apesar de ter sido intimado como testemunha de defesa, estou fazendo depoimento do que conheço do Mauro. Não tenho o que defender porque desconheço esses fatos que são notórios nos jornais", concluiu.
LOBISTA
Mauro Marcondes está preso por suspeita de participação no suposto esquema de compra de medidas provisórias, investigado pela Operação Zelotes.
Sua empresa, a Marcondes e Mautoni, depositou R$ 2,4 milhões à LFT Marketing Esportivo, cujo sócio é Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
Ele integrava a Anfavea como membro representante das montadoras Scania, no primeiro momento, e MMC-Mitsubishi, num outro período.
EX-MINISTRO
Em outro depoimento desta terça, o ex-ministro (Transportes) e ex-senador pela Bahia Cesar Borges afirmou que jamais recebeu qualquer oferta de propina durante a tramitação da Medida Provisória 471, que concede incentivos fiscais às montadoras e virou alvo da Zelotes.
"Absolutamente, nunca recebi e nunca soube [de oferecimento de suborno] no Parlamento. Me admira levantar essa discussão em torno de uma medida desse porte", afirmou Borges.
Ele foi o relator da proposta do Senado e argumentou que a MP trouxe desenvolvimento econômico para a Bahia, uma vez que, segundo ele, viabilizou a instalação da Ford em seu Estado.
Borges, que também foi governador, prestou esclarecimentos a pedido dos advogados do réu Eduardo Valadão.
SECRETÁRIA
A sessão contou ainda com a oitiva de Lilian Gasperoni Pina, secretária de Paulo Ferraz, ex-presidente da MMC Automotores, empresa que representa a Mitsubishi no Brasil.
Ela falou sobre o episódio em que recebeu um e-mail de um homem que se dizia credor de lobista Marcondes. De acordo com Lilian, ouvida como testemunha de Eduardo de Souza Ramos, o e-mail exigia o pagamento de US$ 1,5 milhão no prazo de 24 horas para quitar a suposta dívida.
Ela foi questionada sobre o motivo de a empresa não ter informado o ocorrido à polícia.
"Achei [o email] descabido, maluco. A pessoa que tinha telefonado e depois mandou o e-mail tinha vocabulário muito tosco [...] A polícia não foi comunicada por não termos levado a sério", justificou.
Os investigadores da Zelotes suspeitam que lobistas do esquema usaram o nome de um laranja para tentar extorquir a MMC, já que a Caoa, outra montadora beneficiada pela MP e investigada na Zelotes, não teria pago o valor total exigido pelos lobistas.
Ao todos, sete testemunhas foram ouvidas nesta manhã. Às 14h30, será a vez da ré Cristina Mautoni, mulher de Mauro Marcondes e que também está presa.

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