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Ex-ministro admite ter levado demanda de lobista a Lula

GABRIEL MASCARENHAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Miguel Jorge admitiu em depoimento à Polícia Federal que levou ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma demanda do lobista Mauro Marcondes, pr

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 27.01.2016, 18:52:03 Editado em 27.04.2020, 19:53:22
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GABRIEL MASCARENHAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Miguel Jorge admitiu em depoimento à Polícia Federal que levou ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma demanda do lobista Mauro Marcondes, preso durante a Operação Zelotes.
Os investigadores apresentaram e-mails trocados entre Marcondes e ele, datados de 2008, quando Jorge comandava a pasta de Desenvolvimento.
De acordo com o próprio ex-ministro, o lobista, que representava a montadora Scania, dizia-se temeroso com uma mudança nas normas de emissão de poluentes de veículos movidos a diesel.
Por uma determinação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), o Brasil teria que se adequar ao chamado Padrão Euro IV, que estabelecia uma redução dos níveis de poluição desses veículos.
Marcondes argumentava, segundo o ex-ministro, preocupação com o risco de que a Petrobras não colocasse no mercado um combustível compatível com a nova norma, antes do prazo para que o padrão Euro IV começasse a valer.
Miguel Jorge admite que levou a demanda de Marcondes à Lula. Segundo ele, porém, nada foi alterado: o prazo para a adequação foi mantido, e a estatal passou a disponibilizar o diesel menos poluente a tempo.
"Eu falei com o presidente Lula sobre a preocupação do setor, que me foi passada pelo Marcondes. Mas não houve pedido nenhum. E, na ocasião, Lula disse apenas que essa questão era um problema da Petrobras", afirmou Jorge à reportagem.
Conforme o ex-ministro, nas mensagens eletrônicas, Marcondes disse que a alternativa seria recorrer ao próprio Conama.
"No e-mail, ele (Marcondes) diz: 'só nos resta no momento pedir ao Conama a extensão do homologação do prazo'. Só que o prazo foi mantido, até porque o Conama é um colegiado. A indústria nunca conseguiu influenciar qualquer mudança lá", argumentou Miguel Jorge.
No mesmo depoimento, o ex-ministro disse que conheceu Marcondes antes de assumir uma cadeira na Esplanada, uma vez que ambos trabalhavam no setor automotivo.
PRESENTE
Miguel Jorge admitiu ainda que ele e seu filho foram presenteados com convites para um evento no Autódromo de Interlagos, em 2008.
Ele afirma que não se recorda qual era o evento, mas lembra que seu filho compareceu. Diz ainda acreditar que se tratava de uma corrida de automóvel, mas não soube informar de qual categoria.
Perguntado se não considera inadequado o filho de um ministro receber presentes como esse, Jorge argumenta que várias outras autoridades foram convidadas e que não houve qualquer ganho ou vantagem oferecida.
"Era um evento de menor importância, público, num lugar aberto. Se tivesse alguma vantagem, mas não havia. Acho que fomos chamados porque ele (Marcondes) sabia que eu tinha sido do setor automotivo e que meu filho é professor de mecânica, até hoje", justificou.
Mauro Marcondes está preso por suspeita de participação num suposto esquema de pagamento de propina a agentes públicos para a aprovação de medidas provisórias de interesse das montadoras.
As investigações da Zelotes revelaram ainda que a empresa do lobista pagou R$ 2,4 milhões à LFT Marketing Esportivo, que pertence ao filho do ex-presidente Lula, Luís Cláudio Lula da Silva.

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