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Troca de mensagens com dono da OAS é sobre campanha, diz Cunha

MÁRCIO FALCÃO E RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse neste sábado (19) à Folha que tudo que possa ter sido tratado com o dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Leo Pinheiro, um dos empreiteiro

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.12.2015, 13:42:44 Editado em 27.04.2020, 19:54:07
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MÁRCIO FALCÃO E RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse neste sábado (19) à Folha que tudo que possa ter sido tratado com o dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Leo Pinheiro, um dos empreiteiros condenados na Lava Jato, é "contribuição de campanha feita de forma oficial e transparente" ao PMDB.
A Folha revelou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reuniu indícios de que o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), recebeu R$ 5 milhões do dono da OAS.
O nome do vice e a menção ao pagamento estão em uma troca de mensagens entre Pinheiro e Cunha, na qual o deputado reclama que o empreiteiro pagou a Temer e deixou "inadvertidamente adiado" o repasse a outros líderes peemedebistas.
Cunha reforçou a tese de Temer de a troca de mensagens pode se referir a negociações sobre doações de campanha. O presidente da Câmara afirmou que não tem conhecimento do conteúdo e que não pode nem mesmo confirmar a mensagem.
"Não vi a peça [da Procuradoria], não sei se esse conteúdo é correto. A única coisa que sei é que, tudo que possa ter sido tratado com esse empresário e qualquer outro, trata-se de contribuição de campanha feita ao partido de forma oficial e transparente", afirmou o parlamentar. "Não é verdade qualquer outra situação que não seja doação partidária", completou.
Segundo o deputado, uma possível referência a Michel "é porque ele é presidente do partido".
A Folha apurou que não há uma investigação oficial sobre Temer na Procuradoria-Geral da República. De acordo com um dos investigadores da Lava Jato, a citação ainda é considerada uma "referência" ao vice, e uma investigação dependeria de mais elementos.
Na autorização da fase da Lava Jato Catilinárias, que fez busca e apreensão em nomes da cúpula do PMDB, Cunha é descrito como uma espécie de despachante dos interesses da OAS junto ao governo federal, a bancos estatais e a fundos de pensão, mantendo uma relação estreita com Pinheiro, à época o principal executivo da empreiteira.
Questionado sobre o tratamento conferido pela Procuradoria, Cunha negou e disse que não faria mais comentários porque não teve acesso à documentação. "Não sou despachante de ninguém."
REAÇÕES
A citação ao nome do vice provocou reações diferentes entre os congressistas sobre um eventual impacto sobre os desdobramentos de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), avalia que Temer esclareceu que o episódio pode tratar de doação oficial da OAS e acusou o governo de agir para desgastar o vice, fazendo parte de uma "guerra suja".
"Não há absolutamente impacto algum no processo, até porque ele já explicou que se trata de doação oficial. Só interessa ao Planalto desgastar a imagem do vice, e isso faz parte dessa guerra suja que o governo espalha para todo lado", disse Mendonça Filho.
Segundo o líder, o pedido de impeachment de Dilma "continua forte e será colocado pelo povo nas ruas".
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que uma eventual acusação contra Temer não terá efeito no pedido de afastamento, até porque o processo "não se sustenta nem juridicamente e nem politicamente". Ele evitou comentar a referência ao vice.
Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o surgimento do nome de Temer nas investigações "é muito ruim" e o vice-presidente, "como todo homem público, deve prestar todos os esclarecimentos".
"Ao fim e ao cabo, essas coisas todas estão revelando que se tem um esgotamento absurdo nas relações entre os setores privado e público. Tudo isso é muito ruim, é absolutamente constrangedor", disse o senador.
Para Ferraço, "ainda é cedo" para dizer que a revelação poderá ter impacto em um eventual processo de impeachment contra Dilma, por serem "fatos distintos". Ele lembrou, porém, que Temer "contrariou interesses poderosos dentro e fora do PMDB".
"O que representou o esfriamento mesmo do processo do impeachment foi a decisão do Supremo. E também é muito triste ver o governo comemorando a decisão do Supremo, como se houvesse algo a comemorar, com crises por todos os lados na República", disse Ferraço.
O senador João Capiberibe (PSB-AP) disse que a citação a Temer faz o vice-presidente, "tal qual o deputado Eduardo Cunha, perder a autoridade para promover o impeachment" de Dilma.
"Ele perdeu a autoridade para pleitear o lugar da titular", disse Capiberibe. "Além de aparecer na investigação, também assinou decretos promovendo pedaladas", lembrou o senador, para quem a citação a Temer "já era esperada".
"Da forma como o processo político está dado, se se troca Dilma, seria substituir seis por meia dúzia. O conjunto da obra está podre. O PMDB é sócio majoritário da crise. Estava com o PSDB, depois com o PT", disse o senador, para quem "deve se investigar todo mundo, sem excluir ninguém".

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