MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

Procuradoria denuncia 4 ex-agentes por primeira morte na ditadura

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou à Justiça quatro ex-agentes da ditadura pela morte do operário e sindicalista Virgílio Gomes da Silva, conhecido como Jonas, em 1969. Silva é considerado o primeiro desaparec

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 27.11.2015, 21:18:28 Editado em 27.04.2020, 19:54:43
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou à Justiça quatro ex-agentes da ditadura pela morte do operário e sindicalista Virgílio Gomes da Silva, conhecido como Jonas, em 1969. Silva é considerado o primeiro desaparecido político após o golpe de 1964.
O major Inocêncio Fabrício de Matos era um dos chefes da Operação Bandeirante (Oban) e participou, junto com seus subordinados Homero Cesar Machado, Maurício Lopes Lima e João Thomaz, da prisão e da tortura de Silva.
Os denunciados devem responder por homicídio triplamente qualificado -por motivo torpe (preservação do regime), uso de tortura e impossibilidade de defesa da vítima- e ocultação de cadáver.
Se condenados, os militares podem ser presos, perder cargos públicos que ainda ocupem ou ter aposentadorias cassadas e condecorações canceladas.
A denúncia foi assinada pelos procuradores da República Ana Letícia Absy e Andrey Borges de Mendonça no último dia 19. O processo tramitará na 1ª Vara Federal Criminal do Júri de São Paulo.
Segundo os procuradores, a morte de Silva foi um crime de lesa-humanidade e, por isso, imprescritível e impassível de anistia.
No ano passado, o procurador-geral da República provocou o STF (Supremo Tribunal Federal) a se manifestar novamente sobre a validade da Lei da Anistia para casos como esse. Em sua última manifestação, o STF considerou que a Lei da Anistia continua valendo.
O CASO
De acordo com a Procuradoria, Silva foi morto no prédio da Oban, em São Paulo, em 29 de setembro de 1969.
Ele havia se notabilizado no início daquele mês por comandar o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, solto dias depois em troca da libertação de 15 presos políticos.
O operário era um dos dirigentes da Ação Libertadora Nacional, grupo do militante comunista Carlos Marighela.
O operário era perseguido desde 1964, quando fora preso por liderar uma greve no ano anterior na empresa em que trabalhava.
A morte, conforme os MPF, aconteceu horas depois da prisão de Virgílio. Os agentes o capturaram em um apartamento no centro de São Paulo pela manhã, sem ordem escrita e sem comunicação às autoridades, e o conduziram diretamente para a Oban, encapuzado e algemado.
Silva foi recebido com agressões e desmaiou. Na sala de interrogatório, ele foi submetido a sessão de tortura, pendurado em uma barra de ferro com os punhos presos às pernas dobradas. O operário não resistiu e morreu na mesma noite.
O corpo de Silva foi enterrado no cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital, mas nunca foi localizado.
Os militares Inocêncio Fabrício de Matos e Homero Cesar Machado já foram apontados pela presidente Dilma Rousseff como autores de torturas que ela sofreu na ditadura.

continua após publicidade

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "Procuradoria denuncia 4 ex-agentes por primeira morte na ditadura"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!