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Michel Temer pediu ajuda para nomear afilhado, diz FHC em diários

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reclama diversas vezes em seus diários sobre o exercício da Presidência da República do chamado "toma lá, dá cá" com o Congresso. No livro, o ex-presidente trata o assunto com certo de

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 20.10.2015, 15:05:37 Editado em 27.04.2020, 19:55:40
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reclama diversas vezes em seus diários sobre o exercício da Presidência da República do chamado "toma lá, dá cá" com o Congresso. No livro, o ex-presidente trata o assunto com certo desprezo e faz observações pessoais sobre atores que hoje estão em alta na política.
Os relatos estão no primeiro dos quatro volumes do livro "Diários da Presidência" (Companhia das Letras), que chega às livrarias no dia 29 e detalha o cotidiano do poder nos primeiros dois anos do governo FHC, entre 1995 e 1996.
Ele escreve, por exemplo, que o hoje vice-presidente Michel Temer (PMDB), então deputado, deu declarações positivas sobre uma proposta de reforma administrativa, e que só depois entendeu o motivo.
"O Luís Carlos Santos me disse no caminho do Planalto para o Alvorada que o Temer precisa de um acerto pessoal, quer indicar alguém para a Portus (...) Vê-se, pois, que junto com toda a sua construção jurídica, que é correta, é para ser mais solidário com o governo, ele quer também alguma achega pessoal nessa questão de nomeações. É sempre assim. Temer é dos mais discretos, mas eles não escapam. Todos têm, naturalmente, seus interesses."
Ainda por conta da reforma administrativa FHC narra que teve que jogar duro com lideranças do Congresso. "Olha, o próprio Temer está querendo receber uma nomeação de alguém de fundo de pensão, assim fica difícil. Essas coisas tão tristes desse nosso dá cá toma lá que fica discreto, mas ao mesmo tempo é muito concreto", ele relata.
"Reuni todos eles e fui muito duro. Disse que não estou disposto a ceder nisso, não, quem estiver comigo, fique comigo, quem estiver contra, fique contra, depois eu explico ao país".
Embora reclame e condene o toma-lá-dá-cá da política, FHC não esconde que participa do jogo. Num episódio em que revela uma discordância com o colega Tasso Jereissati (PSDB-CE), insatisfeito com as "composições políticas" que o governo vinha fazendo, FHC chega a usar o seguinte argumento para convencer o colega: "Tasso, tudo bem, mas todo sistema de poder implica em troca de cargos, é ingenuidade pensar que seja diferente".
Há exemplos práticos também de como lidou com isso. Em agosto de 1996, já preocupado com o que seria o comportamento do PMDB na aprovação da regra que permitiria sua reeleição, FHC conversa com os então senadores José Sarney (PMDB-AP) e Jader Barbalho (PMDB-PA) e conclui, após a conversa com Jader, que os peemedebistas iriam pedir a nomeação do senador Iris Rezende (PMDB-GO) no Ministério dos Transportes, algo que "não me parece absolutamente impossível de ser aceito", conclui.
A nomeação não é feita, mas o mesmo Iris reaparece no balcão de negociações do governo em dezembro, novamente cotado para os Transportes, agora como forma de facilitar a eleição de Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) à presidência do Senado, já que o político de Goiás seria um forte concorrente de ACM. FHC avalia que essa proposta, levada a ele pelo deputado Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM, não funcionaria.
Em maio de 1997, o peemedebista Iris Rezende acabaria finalmente virando ministro de FHC. E numa pasta ainda mais importante, a da Justiça. Mas esse período já não aparece neste primeiro volume do diário.

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