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Sem propostas, maratona de Dilma no NE deixa rastro de descontentamento

PATRÍCIA BRITTO RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Planejada como uma estratégia para reverter sua queda de popularidade, a série de viagens que a presidente Dilma Rousseff faz pelo Nordeste desde agosto ainda não trouxe os resultados esperados pela petista. Por

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.09.2015, 10:11:49 Editado em 27.04.2020, 19:56:29
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PATRÍCIA BRITTO
RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Planejada como uma estratégia para reverter sua queda de popularidade, a série de viagens que a presidente Dilma Rousseff faz pelo Nordeste desde agosto ainda não trouxe os resultados esperados pela petista.
Por onde ela passa, é recebida com uma lista de cobranças e sai deixando empresários frustrados.
A maratona já incluiu seis dos nove Estados da região que deu à petista 72% dos votos no segundo turno de 2014.
Nesta semana, ela interrompeu o roteiro para uma agenda do Minha Casa, Minha Vida em Presidente Prudente (SP), na quarta (16), e faria outra em Belo Horizonte nesta sexta (18), que acabou cancelada. A petista deverá retomar as viagens ao Nordeste nas próximas semanas.
Sem novos investimentos para anunciar ou obras novas para entregar, a presidente visitou projetos que acumulam anos de atrasos, como a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina, com conclusões previstas só para 2017 e 2018, respectivamente.
No Ceará, entregou moradias do Minha Casa, Minha Vida, mas não escapou de reclamações sobre os atrasos nos repasses do programa. Dias depois, ela admitiu que o governo terá que “suar a camisa” para entregar todas as casas prometidas.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará, André Montenegro, o débito com as construtoras no Estado chegou a R$ 160 milhões e gerou mais de 6.000 demissões.
“A resposta foi o silêncio. O que nos deixa intranquilos é o descumprimento dos prazos”, disse. Segundo ele, metade da dívida foi paga após a visita presidencial, mas as empresas não sabem quando receberão o restante.
Para evitar um protesto em Pernambuco, a presidente teve que se reunir de última hora com representantes do setor canavieiro, que cobram a liberação das subvenções para cerca de 30 mil produtores afetados pela seca. O pagamento foi aprovado há mais de um ano, mas o dinheiro nunca chegou.
“[A reunião] Gerou uma expectativa positiva, mas até agora nada se efetivou”, critica o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana, Alexandre Lima. No encontro, Dilma prometeu dar uma resposta em até 20 dias. O prazo se esgotou e os canavieiros já planejam um protesto para a próxima viagem presidencial à região.
APELO
Políticos também aproveitam as agendas presidenciais para fazer cobranças, nem sempre atendidas. Em Campina Grande (PB), o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (PSB), entregou a Dilma um ‘voto de apelo‘ para a liberação de recursos para obras contra a seca ­com apoio de deputados da Paraíba, do Rio Grande do Norte e de Pernambuco.
“Os recursos do governo federal estão sendo repassados a conta-gotas”, afirma. Na Paraíba, 88% dos municípios estão em estado de calamidade por causa da estiagem. Segundo Galdino, Dilma autorizou a entrega de um equipamento para perfurar poços, mas não deu prazo para a liberação de recursos.
As viagens frustraram até mesmo governadores aliados, como Rui Costa (PT), na Bahia. As equipes dele e do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), esperavam anúncios de verbas para obras de VLT, BRT e contenção de encostas. Nada se concretizou.
Nesta quinta (17), o PT ainda perdeu o único prefeito de uma capital do NE, Luciano Cartaxo, que anunciou ida para o PSD em João Pessoa.
“PROBLEMAS DELA”
Outra dificuldade tem sido recuperar a confiança do empresariado, um dos objetivos das viagens. No Piauí, Dilma ouviu críticas ao aumento de impostos e cobranças por recursos para obras paradas, como a duplicação da BR-343.
“Demos 78% dos votos a ela, será que nem assim a gente consegue alguma coisa?‘, cobrou o vice-presidente da Associação Industrial do Piauí, Gilberto Pedrosa. ‘Ela só está aqui para resolver os problemas dela, não os nossos”, disse.
A maratona coincide com o agravamento da crise, com uma nova polêmica a cada semana ­atritos com o vice-presidente, nova CPMF, Orçamento deficitário, perda do grau de investimento e pedidos de impeachment.
Nesse cenário, em busca da agenda positiva, Dilma e sua comitiva de ministros têm aproveitado as viagens para defender o mandato da petista e destacar programas do governo federal, como Bolsa Família, Mais Médicos e Pronatec. São acompanhados por plateias favoráveis à petista, com declarações de amor à presidente e gritos de “não vai ter golpe”.

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