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Polícia Federal investiga morte de índio em área de conflito em MS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal investiga o assassinato de um índio da etnia guarani-caiová durante um conflito com fazendeiros do município de Antônio João (a cerca de 282 km de Campo Grande), no último sábado (29). O indígena Semião Fer

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 31.08.2015, 19:03:03 Editado em 27.04.2020, 19:57:01
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal investiga o assassinato de um índio da etnia guarani-caiová durante um conflito com fazendeiros do município de Antônio João (a cerca de 282 km de Campo Grande), no último sábado (29).
O indígena Semião Fernandes Vilhalva, 24, foi morto no momento em que proprietários rurais tentavam retomar a posse da fazenda Fronteira, que havia tido sua sede invadida pelos índios na terça-feira (25). A Força Nacional de Segurança estava no local na hora do conflito.
"Os índios estavam espalhados pela fazenda, e o Semião foi procurar a mulher dele e o filho, no mato. Começaram a atirar. Quando fui olhar, o Semião estava caído no chão, todo ensanguentado, porque o tiro acertou o rosto dele. Foram os fazendeiros que mandaram matar", afirma Inayê Gomes Lopes, uma das porta-vozes da comunidade indígena.
Segundo Elder Ribas, coordenador regional da Funai no Mato Grosso do Sul, a presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Ruiz Silva, incitou os fazendeiros a retomar à força suas propriedades, durante uma reunião com políticos no próprio sábado.
Antes do conflito, participaram de um encontro no sindicato rural os deputados federais Henrique Mandetta (DEM) e Tereza Cristina (PSB) e o senador Waldemir Moka (PMDB). Mandetta, que também é médico ortopedista, disse em vídeo publicado em sua página no Facebook que participou da reunião para ajudar as partes a chegarem a uma solução pacífica para o problema.
Ele estava na fazenda no momento do crime. "Ouviu-se um tiro dentro de um capão de mata a uns mil metros [da sede da fazenda]. Os índios começaram a se movimentar e saíram depois de uns dez minutos lá de dentro muito exaltados, gritando e carregando um corpo. Eu me identifiquei como médico também à força de segurança, entendendo que a pessoa pudesse estar ferida. Quando a força de segurança chegou próxima, eu fiquei mais atrás. O corpo já estava com rigidez das mãos, dos braços, dos cotovelos e coloração típica de rigidez cadavérica e seguramente com mais de seis horas, oito horas do ocorrido", afirmou.
A reportagem procurou o deputado para saber se é possível distinguir o horário da morte mesmo observado um corpo a distância, mas não conseguiu contato no celular do político. A reportagem também entrou em contato com Roseli Ruiz Silva, presidente do sindicato rural, mas ela desligou o telefone após afirmar que não passaria informações.
A fazenda Fronteira pertence a Dácio Queiroz Silva, ex-prefeito de Antônio João. A reportagem não conseguiu contato com o proprietário.
A reportagem também procurou o Ministério da Justiça, responsável pela Força Nacional de Segurança, para saber se eles testemunharam os tiros, mas não obteve resposta até o final da tarde desta segunda (31).
Desde a última semana, os guarani-caiová já invadiram cerca de sete fazendas do município, segundo a Funai. Cerca de 1.200 índios da etnia vivem na região. Eles exigem o direito de ocupar a terra indígena Ñande Ru Marangatu, de 9.317 hectares, homologada em 2005 pelo ex-presidente Lula.
Naquele ano, logo após a assinatura do decreto presidencial, fazendeiros da região entraram com um mandado de segurança contra a homologação. Eles alegam, entre outras coisas, que compraram as terras de forma legítima, que possuem títulos de propriedade e que a competência para homologar é do Congresso, e não do presidente. Desde então, o caso ainda não foi decidido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

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