PAULA REVERBEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Eu não advogo para quem delata, até porque ele [Alberto Youssef] ia delatar 50 clientes meus, brincou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, sobre os motivos pelos quais deixou a defesa de um dos principais réus da Operação Lava Jato. A plateia caiu na risada.
Era uma apresentação sobre delações premiadas na Casa do Saber, empreendimento educacional em São Paulo.
O criminalista, responsável pelas defesas de quatro políticos investigados na Lava Jato, criticou a maneira com que as colaborações vêm sendo feitas.
Kakay não poupou colegas de profissão das críticas: direcionou ataques à também advogada Beatriz Catta Preta, que, até fechar seu escritório e abandonar os processos da Lava Jato, era responsável por nove acordos de delação.
Apesar de criticar a convocação de Catta Preta para depor na CPI da Petrobras, o advogado disse que a reação da colega a quem chama de caixa preta não honra a profissão. Logo antes, havia dito que advogados não podem se acovardar.
Essa senhora é uma especialista em delação premiada. Onde está a advocacia nisso?, provocou.
Na visão de Kakay, uma aplicação correta da delação é a do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que não estava preso quando fechou o acordo de colaboração e se comprometeu a devolver US$ 97 milhões depositados no exterior. Outros acertos, no entender do criminalista, são forçados, não voluntários.
Forçam a prisão para se chegar à delação, disse, alinhado a diversos outros advogados que atuam nos casos.
De acordo com o defensor, o doleiro Alberto Youssef teria até recebido um ultimato para desistir de pedido de liberdade provisória e preservar as negociações de sua delação.
Conhecido por ter defendido, com sucesso, o publicitário Duda Mendonça no julgamento do mensalão, Kakay também atacou as ações penais que foram levadas aos holofotes: O Judiciário não precisa desses processos espetaculares. É preciso fazer essa espetacularização?
Na Lava Jato, Kakay representa a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB/RR) e Edison Lobão (PMDB-MA), que é ex-ministro de Minas e Energia.
Escrito por Da Redação
Publicado em 08.08.2015, 09:32:34 Editado em 27.04.2020, 19:57:37
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