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Juiz manda Odebrecht explicar notas sobre 'anular' Lava Jato e políticos

GRACILIANO ROCHA E BELA MEGALE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O juiz federal Sergio Moro intimou os advogados de Marcelo Odebrecht a dar explicações sobre as anotações encontradas pela Polícia Federal nos telefones celulares do empresário que sugerem que e

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.07.2015, 20:14:05 Editado em 27.04.2020, 19:57:59
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GRACILIANO ROCHA E BELA MEGALE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O juiz federal Sergio Moro intimou os advogados de Marcelo Odebrecht a dar explicações sobre as anotações encontradas pela Polícia Federal nos telefones celulares do empresário que sugerem que ele deu instruções para tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato antes de ser preso.
O empresário está preso em Curitiba desde 19 de junho, junto com outros quatro executivos que trabalhavam para o grupo Odebrecht e também são acusados de participar do esquema de corrupção descoberto na Petrobras.
Uma das anotações fala em "trabalhar para para/anular (dissidentes PF...)".
No despacho, embora faça a ressalva que os trechos estão sujeitos à interpretação, o juiz Moro escreveu que a menção aos 'dissidentes da PF' é a mais perturbadora porque "coloca uma sombra sobre o significado da anotação".
Na interpretação da Polícia Federal, o trecho indica a possibilidade de que o empreiteiro pretendia usar policiais federais para tumultuar as investigações.
No ano passado, a descoberta de uma escuta na cela ocupada pelo doleiro Alberto Youssef levantou suspeitas de que policiais federais poderiam estar atuando para atrapalhar as investigações do petrolão.
Moro considerou que uma outra anotação -"higienizar apetrechos MF e RA", referência do o empresário a dois executivos do grupo sob investigação, Márcio Faria e Rogério Araújo, que hoje estão presos com ele em Curitiba- sugere destruição de provas.
No mesmo conjunto de anotações, surgem "Vazar doação campanha. Nova nota minha midia? GA, FP, AM, MT, Lula? ECunha?" -o que, para o juiz Sergio Moro, poderia ser uma tentativa de constranger beneficiários de doações eleitorais.
Além das referências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo a polícia, "MT" é o vice-presidente Michel Temer, "GA" é o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e "FP" é o governador Fernando Pimentel (PT-MG).
O contexto não deixa claro por que e em que circunstâncias o empresário redigiu as iniciais atribuídas aos políticos no telefone.
Moro estabeleceu prazo de dois dias para que os advogados de Marcelo Odebrecht apresentem explicações sobre significado dos textos encontrados no celular.
OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht disse que a Polícia Federal fez "interpretações distorcidas, descontextualizadas e sem nenhuma lógica temporal de suas anotações pessoais". O relatório de análise da PF, segundo a asessoria, não se atém a fatos concretos, mas se apega a suposições.
"O mais grave é a tentativa de atribuir ao Marcelo Odebrecht a responsabilidade pelos ilícitos gravíssimos que estão sendo apurados e envolveriam a cúpula da Polícia Federal do Paraná, como a questão da instalação de escutas em celas, dentre outras", diz trecho da nota.
Os políticos citados disseram que não têm como comentar as notas do telefone de Odebrecht.
Por meio de assessores, o ex-presidente Lula disse que não sabe porque seu nome aparecia nas anotações do empresário.
A assessoria do vice-presidente Michel Temer disse que a menção a seu nome se trata de uma "inferência" da Polícia Federal. Segundo a assessoria, Temer conhece Marcelo Odebrecht, mas não sabe nem sequer se as iniciais "MT" referem-se de fato a ele.
Já auxiliares do governador Geraldo Alckmin afirmaram que o conteúdo divulgado é "ininteligível". "Além disso, não há, nas siglas nela contidas, nenhuma comprovação ou sequer indício de tratar-se de alguém em especial, tampouco de algum assunto específico".
Segundo a assessoria do tucano, o governador não recebeu qualquer pedido de ajuda do empresário Marcelo Odebrecht e que o único evento recente em que se encontraram foi jantar de homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O subsecretário de Comunicação de Minas Gerais, Ronald Cavalcante, disse que o governador Fernando Pimentel não teria como comentar o caso por não conhecer nem por que as anotações foram feitas nem a razão da Polícia Federal ter concluído que FP seria Fernando Pimentel.

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