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Deputado do PT e lobista viajaram nos mesmos voos para Miami, segundo PF

RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal apontou, em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) como desdobramento da Operação Lava Jato, que o deputado federal Vander Loubet (PT-MS) e o lobista Jorge Luz, suspeito de pag

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 10.07.2015, 20:25:30 Editado em 27.04.2020, 19:58:16
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RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal apontou, em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) como desdobramento da Operação Lava Jato, que o deputado federal Vander Loubet (PT-MS) e o lobista Jorge Luz, suspeito de pagar propina ao ex-deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) por um negócio fechado com a Petrobras, viajaram duas vezes no mesmo avião em duas viagens internacionais para o mesmo destino.
Os dados constam de pedido de prorrogação do inquérito feito pela PF nesta semana ao ministro do STF Teori Zavascki.
Sobrinho do ex-governador e hoje deputado federal Zeca do PT, Vander Loubet, 51, é um dos principais nomes do PT de Mato Grosso do Sul, ao qual se filiou em 1984.
Jorge Luz foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como a pessoa responsável por emplacar a contratação, pela Petrobras, de uma empresa norte-americana especializada em fabricação de asfalto chamada Sargent Marine.
De acordo com Costa, ele ouviu depois do próprio Luz, a quem descreveu como "lobista com atuação na Petrobras há muitos anos", que o contrato lhe rendeu uma comissão e soube "pelo próprio Jorge Luz que este teria dividido a comissão com o deputado Vaccarezza".
Ele tomou conhecimento novamente do repasse "em uma outra reunião na casa de Luz, na qual conheceu pessoalmente Vaccarezza, quando ficou sabendo que Jorge teria repassado R$ 400 mil ao referido parlamentar".
De acordo com Costa, Jorge Luz "é muito próximo ao PMDB, especificamente ao senador Renan Calheiros [PMDB-AL] e ao deputado Jader Barbalho [PMDB-PA]".
No pedido de abertura do inquérito feito ao STF em março, a PGR (Procuradoria-Geral da República) afirmou que "não se pode entender as atividades de Cândido Vaccarezza sem as atividades desenvolvidas por Vander Luís dos Santos Loubet, nem as deste sem as daquele".
Loubet e Vaccarezza, segundo a PGR, aparecem "também vinculados à denominada Máfia do Asfalto. Na base dos fatos investigados estaria a atuação da BR Distribuidora na venda de asfalto para prefeituras do interior de São Paulo". A chamada "máfia do asfalto" foi investigada pela Operação Fratelli, deflagrada pela Polícia Federal em 2013.
As viagens de Loubet e Luz no mesmo voo ocorreram nos dias 27 de dezembro de 2010 e 23 de agosto de 2011 para Miami (EUA). A PF também localizou duas viagens Loubet e Vaccarezza no mesmo voo –uma para Buenos Aires, na Argentina, em 8 de abril de 2011, e outra para Miami, em 11 de novembro de 2011.
A intenção da PF, ao rastrear os voos internacionais, era documentar eventuais laços entre os três investigados. No depoimento prestado em delação premiada, Paulo Roberto Costa primeiro disse acreditar que Loubet participou de uma reunião na casa de Jorge Luz e Vaccarezza. Logo em seguida, porém, Costa disse não ter certeza da presença de Loubet na reunião, mas lembrou-se que o encontro "era para tratar de repasses para campanha eleitoral de Vaccarezza".
OUTROS INDÍCIOS
Os depoimentos de outro delator da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, lançaram novas luzes na suposta relação de Loubet e Vaccarezza com o esquema montado na Petrobras.
Youssef contou que a pedido do empresário e ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-chefe da área de inteligência do Palácio do Planalto no governo Fernando Collor (1990-1992), fez entregas de dinheiro a um "emissário" do deputado Vander Loubet, o advogado de Campo Grande (MS) Ademar Chagas da Cruz. O dinheiro foi entregue entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, segundo Youssef.
De acordo com o delator, o dinheiro foi recebido por Ademar em visitas à sede de uma empresa controlada pelo doleiro, a GFD. Ele não soube dizer o motivo pelo qual Leoni Ramos mandou entregar os recursos.
O doleiro também contou que, a pedido de Paulo Roberto Costa, entregou dinheiro em espécie para Vaccarezza "por três ou quatro vezes, sendo cada entrega de R$ 150 mil". Youssef disse que fez as entregas pessoalmente na casa de Vaccarezza no bairro da Mooca, em São Paulo, mas não soube dizer em que época.
Além das viagens coincidentes entre Luz e Loubet e este e Vaccarezza, a PF também informou ao ministro Teori Zavascki que vinha encontrando dificuldades, pelo menos até o último dia 23 de junho, para ouvir o advogado Cruz e outra pessoa referida nas investigações, Fabiane Karina Miranda Avanci.
Segundo a PF, os depoimentos de ambos ainda não foram tomados "em razão da dificuldade de colaboração de parte dos investigados, os quais não tem dado retorno às tentativas de agendamento de suas respectivas oitivas".
A PF de Brasília acionou a superintendência de Mato Grosso do Sul para agendamento dos depoimentos. O delegado encarregado do caso em Brasília também informou ao STF que iria a Campo Grande no início de julho para resolver o impasse e tentar localizar Cruz e Fabiane.
OUTRO LADO
Procurados nesta sexta-feira (10) pela Folha, Loubet, Vaccarezza e Luz não foram localizados.
No final do ano passado, quando surgiram as primeiras informações de que Loubet era citado nos inquéritos da Lava Jato, a assessoria do parlamentar afirmou, em nota, que Loubet manifestava "estranheza acerca da notícia" e que se colocava "à disposição da Justiça para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível".
Em junho passado, Vaccarezza disse à TV Globo que as acusações contra ele eram "inconsistentes" e que já prestou depoimento à PF para "esclarecer cada ponto das denúncias para que não restem dúvidas de que é inocente".

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