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Tesoureiro do PT é levado à PF para esclarecer doações feitas ao partido

CURITIBA, PR, BRASÍLIA, DF, SÃO PAULO, SP, E SALVADOR, BA - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi levado a depor na Polícia Federal nesta quinta-feira (5) em uma nova fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Co

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.02.2015, 13:30:00 Editado em 27.04.2020, 20:03:14
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CURITIBA, PR, BRASÍLIA, DF, SÃO PAULO, SP, E SALVADOR, BA - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi levado a depor na Polícia Federal nesta quinta-feira (5) em uma nova fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

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Com Vaccari, a polícia espera obter informações sobre doações ao partido por empresas que mantinham contrato com a Petrobras. "Nem sempre essas doações passam pelo caminho legal", afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, Vaccari foi conduzido para esclarecer o "pedido de doações legais e ilegais" ao PT, feito por ele tanto a pessoas que tinham contratos com a Petrobras quanto a quem não tinha. Vaccari chegou à sede da Superintendência da PF em São Paulo, na Lapa, por volta das 9h30 e deixou o local de táxi, às 12h30, acompanhado por um advogado.

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As informações sobre os pedidos partiram de colaboradores da investigação, como o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que firmou acordo de colaboração premiada com a Justiça.

A grande dificuldade da Polícia Federal, agora, será identificar essas doações ilegais, feitas na maioria das vezes com dinheiro vivo, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
"Isso é muito difícil de rastrear. Essa verificação é que será feita a partir de hoje", afirmou.

Além dos depoimentos dos colaboradores, a investigação ira atrás de extratos da movimentação bancária dos operadores e empresários envolvidos, além de registros de visitas para a entrega do dinheiro.

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"A prova, basicamente, será indiciária", afirma Lima.

Essa nona fase da Jato tem como foco o pagamento de propinas na diretoria de Serviços da Petrobras e na BR Distribuidora. A PF afirma que 11 novos operadores, que intermediavam o pagamento de propina a agentes públicos das estatais, foram identificados.

"São pessoas que têm muita ligação com agentes públicos", declarou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que participa das investigações. Ele não quis dizer quais são os outros agentes envolvidos.

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Ao todo, há 25 empresas envolvidas, sediadas em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro –a maioria de fachada, de acordo com as investigações.

"Esta fase é fruto da análise de documentos e contratos apreendidos anteriormente pela PF. Também contribuíram para esta nova etapa da operação as informações oriundas da colaboração de um dos investigados, além da denúncia apresentada por uma ex-funcionária de uma das empresas investigadas", informou a Polícia Federal.

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As empresas de fachada mantinham contratos envolvendo a diretoria de Serviços, comandada pelo ex-diretor Renato Duque, que já foi preso durante a Lava Jato. Não houve mandados contra ele.


BR DISTRIBUIDORA

O outro núcleo da operação envolve a empresa Arxo, sediada em Piçarras, no litoral norte de Santa Catarina, que prestava serviços à BR Distribuidora. Ela produz tanques de combustível.

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Dois de seus executivos foram presos temporariamente, sob suspeita de pagamento de propina à estatal. Há outro no exterior, mas deve voltar hoje ao Brasil. O nome dos executivos não foi revelado. Eles deverão ser levados ainda hoje para Curitiba.

Um grande volume de dinheiro foi encontrado e apreendido nesta empresa. A PF ainda não sabe qual é o valor.

No final do ano passado, a Arxo fechou um contrato no valor de R$ 85 milhões para produzir 80 CTAs (Caminhões Tanques de Abastecimento de Aeronaves) com o objetivo de equipar e renovar a frota da Petrobras Distribuidora.

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Um dos operadores do esquema, que vive no Rio de Janeiro, teve a prisão preventiva decretada. Esse operador, cujo nome não foi revelado, é o elo entre os dois núcleos da nona fase: operava tanto na diretoria de Serviços quanto na BR Distribuidora. Até as 10h de hoje, ele ainda não havia sido detido.

GDK

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Foram emitidos nesta quinta 62 mandados –um de prisão preventiva, no Rio, três de temporária, em Santa Catarina, 18 conduções coercitivas e 40 de busca e apreensão. A ação ocorreu ao mesmo tempo em São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina.

A PF também fez busca e apreensão na sede da GDK, empresa de engenharia fornecedora da Petrobras –seu principal cliente– que entrou em recuperação judicial.

A GDK constrói dutos e instalações industriais. Em 2005 a direção da empresa foi acusada de dar um Land Rover, avaliado em R$ 73,5 mil, para o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira. O episódio foi investigado pela CPI dos Correios.

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O empresário Milton Pascowitch é outro alvo de mandado de condução coercitiva em São Paulo. Ele será ouvido sobre movimentações de dinheiro no exterior.


CONFIRA OS MANDADOS POR ESTADO

SP - 10 mandados de busca e 2 de condução coercitiva (todos na capital)

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RJ - 12 mandados de busca, 8 de condução coercitiva e 1 de prisão preventiva (todos na capital)

BA - 2 mandados de busca e 1 de condução coercitiva (todos na capital)
SC - 16 mandados de busca, 7 de condução coercitiva e 3 de prisão temporária nas seguintes cidades:

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- Itajaí: 8 mandados de busca, 5 de condução coercitiva e 2 de prisão temporária
- Balneário Camboriú: 3 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva
- Piçarras: 2 mandados de busca
- Navegantes: 1 mandado de busca e 1 mandado de condução coercitiva
- Penha: 1 mandado de busca
- Palmitos: 1 mandado de busca

Esta fase da operação foi batizada de "My Way". É com o título desta canção de Frank Sinatra que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que colabora com as investigações, se refere a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.

Fases anteriores da Lava Jato resultaram nas prisões dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, e de altos executivos de importantes empreiteiras do país.

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POSTO DE COMBUSTÍVEL

Com início em um posto de gasolina –de onde surgiu seu nome–, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014 investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.

Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, 47. Criado em Londrina, foi vendedor de pastel e contrabandista de eletrônicos do Paraguai antes de aprender o ofício de doleiro. Foi preso nove vezes. Uma delas, pela participação no chamado caso Banestado, maior escândalo já investigado no Brasil sobre remessas ilegais de dinheiro.

Três dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Ele passou a ser investigado pela PF após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef.

Tanto Costa quanto Youssef assinaram com o Ministério Público acordos de delação premiada para explicar detalhes do esquema e receber, em contrapartida, alívio das penas.

Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que havia um esquema de pagamento de propina em obras da estatal, e que o dinheiro abastecia o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.

No final de outubro, Julio Camargo, da empresa Toyo-Setal, fechou acordo de delação premiada com procuradores. É o primeiro executivo a fazê-lo. Uma semana depois, outro executivo da empresa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também assinou uma delação.

No dia 14 de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras como a Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht, além de outras sete companhias.

As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.

As denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal foram acatadas e a Justiça Federal tornou réus 39 pessoas.

O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é responsável pelas ações penais decorrentes da Lava Jato nos casos que não envolvem políticos –que possuem foro privilegiado e, por isso, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal. O magistrado é referência no julgamento de crimes financeiros.

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