O presidente de Cuba, Raúl Castro, propôs limitar os mandatos para cargos públicos a "dois períodos de cinco anos", durante a abertura do VI Congresso do Partido Comunista. Ele também destacou a importância de se trabalhar no rejuvenescimento dos postos administrativos e partidários do país.
"Chegamos à conclusão de que é recomendado limitar ao máximo de dois períodos consecutivos de cinco anos o desempenho de cargos políticos e estatais fundamentais, isso é possível e necessário nas atuais circunstâncias", afirmou Raúl Castro perante os mil delegados do Congresso.
O governante, a quem seu irmão Fidel cedeu o poder em julho de 2006, quando ficou doente, fez sua proposta em um duro discurso de autocrítica sobre a direção da ilha comunista, governada durante 52 anos pelos irmãos Castro.
"Embora não tenhamos deixado de fazer várias tentativas para promover jovens a cargos principais, a vida demonstrou que as seleções não foram sempre as mais adequadas", disse o presidente, que completará 80 anos em junho.
Rejuvenescimento'
"Hoje enfrentamos as consequências de não contar com uma reserva de substitutos devidademente preparados, com experiência suficiente, maturidade, para assumir as novas e complexas tarefas de direção no partido, no Estado e no governo", disse.
Raúl Castro advertiu sobre a necessidade de garantir "o rejuvenescimento sistemático de toda a rede de cargos administrativos e do partido", desde a base até as posições de grande responsabilidade, incluindo a de presidente e de primeiro-secretário do PCC.
No entanto explicou que é uma questão que se deve ser solucionada "paulatinamente, ao longo dos cinco anos, sem precipitações nem improvisações, mas deve começar logo após a conclusão do Congresso".
"O reforço sistemático da nossa institucionalização será, ao mesmo tempo, condição e garantia imprescindível para que esta política de renovação dos quadros jamais ponha em risco a continuidade do socialismo em Cuba", acrescentou.
A geração histórica, liderada pelos irmãos e que ocupa os principais cargos fundamentais, tem mais de 75 anos.
O Congresso deve eleger os órgãos dirigentes do PCC - o Comitê Central, de cerca de 125 membros; o Comitê Político (19), e o Secretariado (10), - liderados por Fidel como primeiro-secretário e Raúl como segundo-secretário desde a criação do partido, em 1965.
"É fundamental deixar de lado a formalidade e a fanfarra, ou seja, banir a inércia fundamentada em dogmas e palavras de ordem", afirmou. "Só assim o Partido Comunista poderá estar em condições de ser para todos os tempos digno da autoridade ilimitada do povo e da revolução e em seu único Comandante-em-Chefe, cuja contribuição moral é indiscutível", acrescentou.
Raúl Castro expressou que seu irmão, "em sua condição de soldado das ideias, não parou de contribuir para a causa revolucionária e a defesa da humanidade".
Desfile militar
O Congresso, que se reúne em sessão fechada até terça-feira, foi inaugurado no Palácio das Convenções após um desfile militar popular que levou mais de meio milhão de pessoas à emblemática Praça da Revolução, em Havana, para comemorar os 50 anos do socialismo cubano.
Usando seu uniforme de general e um chapéu de camponês, Raúl Castro, acompanhado por figuras de proa do PCC e do governo, liderou o ato na Praça da Revolução, o qual participaram os mil delegados do congresso e milhares de operários, combatentes veteranos, crianças e jovens.
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