Um grupo de integrantes do Diretório Estadual do PMDB decidiu, em reunião na quarta-feira à noite, oficializar convite para que o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) volte ao partido na condição de candidato a prefeitura de Curitiba para 2012. O retorno, porém, sofre resistência do grupo do ex-governador e senador Roberto Requião, que no ano passado por pouco não perdeu a vaga no Senado para o tucano. Requião e seus aliados no PMDB vem trabalhando para aproximar o partido do atual prefeito Luciano Ducci (PSB), oferecendo apoio à sua reeleição em troca de cargos na prefeitura.
A divisão interna entre os peemedebistas ficou evidente na relação dos presentes à reunião, que incluiu o ex-governador Orlando Pessuti, o vereador Algaci Tulio, o ex-secretário Milton Buabssi, o ex-deputado Renato Adur. Entre eles e os quase cem presentes foi unânime a aprovação ao retorno de Fruet, que não está encontrando espaço no PSDB para concorrer no ano que vem. A ausência de aliados de Requião, entre eles o presidente municipal do PMDB curitibano, Doático Santos, deixou claro que a articulação não conta com o apoio do grupo.
Doático, inclusive, que anunciou a intenção de deixar o comando do partido na Capital, lançou o próprio Requião como candidato à presidência municipal da sigla em Curitiba, como forma de criar embaraço para a articulação que busca atrair o ex-deputado, desafeto do ex-governador. Requião, por sua vez, também está rompido com Pessuti, a quem acusa de tê-lo traído na eleição para o Senado no ano passado, para apoiar Fruet.
A divisão se repete na bancada estadual peemedebista na Assembleia Legislativa. Apesar do discurso oficial de “independência”, a maior parte dos deputados já aderiu à base do governo Beto Richa, outros só não o fizeram por falta de espaço. Uma ala alinhada a Requião - que inclui os deputados Alexandre Curi e Luiz Cláudio Romanelli - trabalha pelo apoio a Ducci na eleição em Curitiba. Outra, representada pelos deputados Reinhold Stephanes Júnior, sonha com o retorno de Fruet como candidato do partido.
Desempenho - Na reunião de quarta-feira foi formada uma comissão que inclui o vereador Algaci Tulio, Buabssi, Adur e o ex-secretário José Maria Correia, para conversar com Doático, sobre os rumos do PMDB curitibano. Segundo Tulio, os peemedebistas estão cansados de imposições e consideram que se não houver uma mudança agora, o partido corre o risco de desaparecer na Capital. “Se depender desse grupo o Fruet já está convidado para voltar ao PMDB”, garante. Em 2008, o PMDB só elegeu dois vereadores na Capital, e o candidato a prefeito, o ex-reitor Carlos Moreira Júnior, imposto por Requião, amargou um desempenho vexaminoso, não conseguindo chegar a 20 mil votos.
Segundo Tulio, a rixa de Requião com Fruet é um problema pessoal. “O PMDB é maior do que isso”, alega.
Por mais que o grupo tenha essa disposição, porém, o fato é que não se vê uma perspectiva concreta de que as diferenças se resolvam no curto prazo. O mais provável é que desaguem na convenção municipal marcada para 17 de julho. Só que dificilmente Fruet se sentirá seguro a voltar para o PMDB com esse clima no partido, correndo o risco de que o grupo de Requião o hostilize e crie caso para constrangê-lo. Até porque, em 2004 ele deixou a legenda justamente depois que Requião barrou sua candidatura à prefeito, preferindo levar o partido a apoiar o petista Ângelo Vanhoni, derrotado pelo tucano e hoje governador Beto Richa (PSDB).
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