Os dois maiores partidos do Estado — PSDB e PMDB — começaram 2011 em uma crise pré-eleitoral que expõe a fragilidade do quadro partidário paranaense. Os tucanos, que conquistaram o governo no ano passado, se debatem entre lançar um candidato próprio à prefeitura da Capital, ou apoiar a reeleição do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), aliado do governador Beto Richa (PSDB). Os peemedebistas, derrotados após oito anos no comando do Estado, buscam “juntar os cacos” em meio a intenso tiroteio interno, para superar o histórico de decadência que a legenda vive em Curitiba desde os anos 80.
Em comum, a falta de coerência ideológica que marca o cenário político nacional, onde o oportunismo e as conveniências de momento dos caciques se sobrepõem a qualquer projeto de longo prazo. O PSDB tem hoje um candidato que pode ser considerado favorito para a disputa na Capital no ano que vem: o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que além de ter feito quase 650 mil votos na eleição para o Senado só em Curitiba, acumulou um prestígio junto a opinião pública que poucos políticos paranaenses têm.
Mesmo assim, grande parcela do partido, incluindo o presidente municipal da sigla, o vereador João Cláudio Derosso, não quer dar legenda para Fruet concorrer, preferindo uma aliança com Ducci, de quem Derosso sonha em ser vice. Por trás dessa articulação estaria também o próprio governador, que segundo versão de bastidores, já teria inclusive fechado o apoio ao atual prefeito, preparando o caminho para “rifar” o colega de partido.
Até agora, o único que tem manifestado abertamente a defesa de Fruet como candidato próprio tucano é o presidente estadual do PSDB e da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni. Muitos, porém, apontam que as declarações de Rossoni pró-candidatura própria seriam apenas uma “cortina de fumaça” para evitar que Fruet deixe o PSDB.
Na cabeça do ex-deputado, a data decisiva será março, quando está prevista a convenção municipal do PSDB da Capital. Na semana passada, a Executiva Estadual ensaiou promover uma intervenção no diretório curitibano, substituindo-o por uma comissão provisória. Derosso reagiu acusando a direção estadual de “ditadura”, e mostrando que não pretende entregar o comando do partido ao adversário interno.
Fruet, por sua vez, já avisou que não vai ficar esperando, e que não está disposto a repetir a experiência de 2010, quando o PSDB só o lançou para o Senado na última hora, depois que a articulação para atrair o senador Osmar Dias (PDT) para a aliança fracassou. Até porque ele sabe que se o PSDB não quiser lhe dar legenda, terá até setembro para encontrar outro partido.
Já o PMDB implodiu depois da eleição, escancarando uma divisão interna que já vinha desde a pré-campanha de 2010. Boa parte dos deputados eleitos pela legenda aderiu rapidamente ao governo Richa, sem sequer se preocupar em consultar o partido. Os parlamentares planejam ainda destituir a atual direção municipal de Curitiba, capitaneada por Doático Santos, homem de confiança de Requião, a quem responsabilizam pelo desempenho pífio que o partido tem há décadas na Capital.
Na eleição de 2008, o ex-governador impôs a candidatura do ex-reitor da UFPR, Carlos Moreira Júnior, que obteve vexaminosos 19 mil votos para prefeito. Parlamentares do partido já avisaram que não pretendem mais aceitar as imposições de Requião.
Ao mesmo tempo, o grupo de Requião ensaia uma aproximação com o prefeito Ducci, que inclusive já nomeou um integrante da cúpula peemedebista para um cargo na prefeitura. Percebendo que o ex-governador pode “entregar” o partido ao prefeito, um grupo de deputados já trabalha abertamente para atrair Fruet, oferecendo a ele o comando da sigla na Capital, e a garantia de candidatura à prefeito no ano que vem.
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