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Com 44 cadeiras a menos, oposição tenta se articular

Enfraquecidos pela derrota nas urnas na última eleição presidencial, os partidos de oposição enfrentam disputas internas e ainda estão longe de definir uma estratégia conjunta no Congresso, que reabre seus trabalhos na próxima semana. Enquanto isso, no

Da Redação

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 Em quase 5 anos, partidos perderam mais de 40 cadeiras
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Em quase 5 anos, partidos perderam mais de 40 cadeiras
Escrito por Da Redação
Publicado em 24.01.2011, 14:30:00 Editado em 27.04.2020, 20:52:06
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Enfraquecidos pela derrota nas urnas na última eleição presidencial, os partidos de oposição enfrentam disputas internas e ainda estão longe de definir uma estratégia conjunta no Congresso, que reabre seus trabalhos na próxima semana. Enquanto isso, nos Estados, os governadores oposicionistas demonstram querer um bom relacionamento com o governo Dilma Rousseff para conseguir mais recursos federais para obras e dívidas.

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O entendimento é de que o papel de oposição não cabe aos Estados, que precisam de verba da União, mas sim das bancadas dos partidos no Congresso, especialmente PSDB, DEM e PPS.

O número de parlamentares que formam as bancadas oposicionistas, no entanto, vem diminuindo ano a ano. Juntos, os três partidos foram de 153 deputados em 2006 para 109 em 2010, uma redução de 44 cadeiras. O PSDB foi de 66 para 54, o DEM caiu de 65 para 43 e o PPS tinha 22 e ficou com 12 nas últimas eleições. A queda no número de parlamentares da oposição foi intensificada em 2003, início do governo Lula. Naquele ano, o PSDB elegeu 63, o DEM (então PFL) fez 75. Já o PPS, que era governista em 2003, elegeu 21 deputados. Quatro anos depois, caiu para 17.

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O desafio agora é reorganizar a oposição depois da derrota sofrida nas urnas em outubro de 2010. Ao mesmo tempo, cada partido tenta solucionar disputas e rachas internos para enfrentar Dilma no Congresso.

O jogo tucano

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O PSDB conseguiu definir seus líderes na Câmara e no Senado. Serão, respectivamente, o deputado Duarte Nogueira (SP) e o senador Alvaro Dias (PR). O problema maior é a disputa pelo comando do partido. A pendenga envolve tucanos mineiros e paulistas, com ex-governadores Aécio Neves e José Serra como adversários velados.

Candidato derrotado à Presidência da República, Serra está sem mandato, mas se posiciona para não ficar fora do jogo político. Tucano mais bem-sucedido no pleito de 2010, o ex-governador mineiro e senador eleito Aécio tenta fundar as bases para a sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2014.

O mineiro saiu na frente ao negociar com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a eleição de Duarte Nogueira como líder na Câmara. Também articulou com o colega paulista a pauta e o formato do primeiro programa do PSDB na TV, que vai ao ar em fevereiro. Homem de sua confiança, o publicitário Eduardo Guedes foi encarregado da produção.

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Na disputa pelo comando do partido, Aécio trabalha para manter o deputado eleito Sérgio Guerra (PSDB-PE) na presidência do Diretório Nacional tucano. Ao mesmo tempo, articula a recondução do mineiro Rodrigo de Castro (PSDB-MG) na Secretaria-Geral tucana.

Serra nega querer disputar a Prefeitura de São Paulo, cargo que ocupou entre 2004 e 2005. Porém, não deixa claro se abre mão da presidência do PSDB. Nos bastidores, o ex-presidenciável articula a permanência de Luiz Paulo Velloso Lucas no Instituto Teotônio Villela, entidade ligada ao partido que terá uma receita de R$ 10 milhões este ano.

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No comando do PSDB desde novembro de 2007, Sérgio Guerra trabalha, sobretudo, para minimizar a disputa interna no partido. “Não tem racha. Vamos ter um líder na Câmara por consenso e isso é positivo”, disse Guerra. “O futuro da oposição, porém, defende do que vai acontecer com o DEM”, completou.

As disputas no DEM

Parceiro do PSDB desde 1994 quando apoiou Fernando Henrique Cardoso para disputar o Palácio do Planalto, o DEM (ex-PFL) vive seu momento mais crítico desde a sua fundação em 1985. Em meio a trocas de farpas e traições, o partido prepara-se para mudar a Executiva Nacional no dia 15 de março.

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Num primeiro momento, o senador reeleito José Agripino (DEM-RN) surgiu como nome de consenso para substituir o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência do partido. Na semana passada, porém, o ex-presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC), lançou o nome de Marco Maciel (PE), ex-vice-presidente da República.

Bornhausen é o principal membro do grupo integrado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que no ano passado chegou a negociar a fusão do DEM com o PMDB. O prefeito, que estuda nos bastidores a possibilidade de migrar para a sigla aliada a Dilma, tem por objetivos eleger o sucessor no ano que vem e candidatar-se a governador em 2014.

No Congresso, o DEM também enfrenta problemas para definir seu líder na Câmara. ACM Neto (BA) quer voltar à liderança da bancada, mas Marcos Montes (MG) tenta ficar com posto com o apoio do atual líder Paulo Bornhausen (SC). Filho de Jorge Bornhausen, ele integra o grupo adversário de Rodrigo Maia e ACM Neto.

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“Caso não dê para evitar o racha, eu pretendo disputar a liderança no voto. Mas vou buscar diálogo e consenso até o último instante”, afirmou ACM Neto. “Nosso candidato a presidente do DEM é Agripino. Apesar do respeito que tenho por Marco Maciel, é Agripino o mais preparado para comandar o partido neste momento”, completou.

Articulação PPS-PV

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O PPS, ex-PCB (Partido Comunista Brasileiro), que em alguns municípios ainda tem aliança com o PT, promete fazer oposição ferrenha ao governo Dilma no Congresso. O PPS é um dos principais aliados do PSDB nos dois maiores Estados comandados por tucanos. Em São Paulo, Alckmin nomeou o deputado Davi Zaia na secretaria de Emprego. Em Minas, o deputado Alexandre Silveira ficou com a pasta de Gestão Metropolitana no governo Anastasia.

Agora, o presidente da sigla, deputado Roberto Freire (SP), tenta atrair o PV. “Estamos conversando com o PV para a formação de um bloco na Câmara. Devemos ter uma posição antes do início dos trabalhos”, afirmou. O recesso na Casa termina no dia 1º de fevereiro.

Se conseguir atrair o PV, o PPS pretende reunir número suficiente de parlamentares para conquistar lugares na Mesa Diretora e nas comissões da Câmara. Inicialmente, o convite para formação do bloco foi feito para PSDB e DEM, que rejeitaram a ideia.

“Estamos marchando para fechar o bloco com o PPS”, disse o presidente do PV, o deputado eleito José Luiz Penna (SP). Segundo ele, no entanto, os verdes não têm nenhum comprometimento em fazer oposição ferrenha ao governo Dilma. “Não temos tradição de oposição, sempre tivemos uma postura mais propositiva”, afirmou. Além das propostas, é claro, o PV quer aumentar seu espaço no Congresso.

O principal interlocutor do PV com o PPS é Sarney Filho, também conhecido como Zequinha Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB). Logo após o primeiro turno, quando Marina Silva saiu da disputa presidencial, Zequinha afirmou que trabalharia para que o PV fechasse com Dilma, o que não ocorreu nem após as eleições.

Ao falar sobre a possibilidade de seu partido se unir ao PPS no Congresso, Zequinha nega a afinidade com PSDB e DEM, ao lado dos quais fez oposição nos últimos quatro anos. “Não temos nada a ver com DEM e o PSDB. Não somos oposição. Somos independentes”, disse Sarney Filho. “É o PPS que estaria deixando a oposição para se tornar independente”, afirmou.

O interesse do PV era que Zequinha ficasse com o comando da Comissão de Meio Ambiente no governo Dilma. “Não fomos chamados para conversar sobre nada”, disse Penna.

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