O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta sexta-feira (26) que a presidente eleita, Dilma Rousseff, não vai poder governar "no piloto automático" como pôde governar, segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seminário promovido pela TV Cultura, em São Paulo, o ex-presidente afirmou que a situação econômica nacional mudou e que Dilma terá de tomar medidas mais duras, que vão afetar mais interesses.
Além da diferença de conjuntura econômica, Dilma tem, segundo FHC, condições e características distintas do presidente Lula. O ex-presidente alegou ainda que Dilma tem carreira administrativa, mas não tem muita experiência em gestão.
- Ele [Lula] tinha um predomínio maior do partido e uma capacidade de relacionamento direto com a população. Ela não tem estas características objetivamente.
Mídia
FHC também disse considerar sempre perigosa qualquer tipo de tentativa de controlar a mídia, até mesmo uma espécie de controle social. De acordo com o ex-presidente, qualquer intenção nesse sentido dá a entender que se quer exercer o poder sobre a imprensa.
- É sempre perigoso, o melhor controle é sempre a diversidade.
Ontem, no mesmo congresso, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, declarou-se "inteiramente contra a expressão 'controle social da mídia'". Hoje, FHC defendeu o debate sobre a criação de uma agência para regular as concessões de rádio e televisão, mas se posicionou contra qualquer tipo de instância que proponha o controle do conteúdo produzido pelos meios de comunicação social.
- Quando se fala em se fazer uma agência reguladora, já se pergunta: vai se regular o quê? Conteúdo?
Segundo FHC, não se pode confundir a criação de uma agência que regule o modo de fazer concessão com um órgão que submeta o conteúdo a um domínio.
- Qualquer tipo de controle político é perigoso. Imprensa boa é imprensa livre e diversificada.
FHC criticou também a maneira como alguns governos da América Latina lidam com a imprensa, dando como exemplo a Venezuela. Para o ex-presidente, assiste-se, atualmente, a um esvaziamento da liberdade de opinião na região.
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