Deputados chegaram antes das 6h da manhã para conseguir o direito de falar contra e a favor na sessão em que será debatida a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. A tática da oposição é de tentar alongar a sessão e até impedir a votação por falta de quorum. A base, por sua vez, quer mostrar um placar mais favorável ao presidente do que na primeira acusação. A sessão está marcada para começar às 9h, mas está atrasada.
O primeiro a chegar no plenário, pouco depois das 5h, foi o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ). Ele acredita que o número de votos contra Temer cresceu na Casa e que o alongamento da sessão e até o adiamento da votação podem fazer com que se chegue aos 342 votos a favor da denúncia.
— Se não se alcançar o quórum hoje e a votação for realizada amanhã ou na semana que vem, maior ainda o placar que tende a existir a favor da segunda denúncia. Por isso, a nossa tática será de não registrar a presença em plenário — diz Molon.
O folclórico Wladimir Costa (SD-PA) foi o primeiro aliado de Temer a chegar. Ele vocaliza o discurso da base de que o apoio ao presidente hoje é maior do que em agosto, quando a primeira denúncia foi arquivada.
— Vamos subir na tribuna para defender o presidente. Deixe o homem trabalhar. É Temer. É nóis (sic). Mostrando a cara, viu? — disse Costa.
Temer é acusado pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot de obstrução de justiça e organização criminosa. Dessa vez, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) foram acusados juntos por organização criminosa e a decisão da Câmara será também sobre o destino deles.
Para que o caso seja analisado pelo STF é necessário ter 342 votos a favor da denúncia. Se isso ocorrer, o STF decidiria se transforma Temer em réu, o que provocaria seu afastamento. Caso não se alcance esse número, a denúncia fica suspensa enquanto Temer estiver no cargo e a tramitação só é retomada após o término do mandato.
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