ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, em petição ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (26), que não concorda com a realização de um interrogatório do petista por videoconferência. A sugestão havia sido feita na semana passada pelo juiz, que pediu manifestação da defesa sobre a possibilidade.
Moro marcou um novo interrogatório do petista para o dia 13 de setembro, numa ação que investiga se Lula se beneficiou de R$ 12 milhões em vantagens indevidas, na compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula pela empreiteira Odebrecht.
Na ocasião, Moro disse que o interrogatório anterior de Lula em Curitiba, em maio, gerou "gastos necessários, mas indesejáveis de recursos públicos".
Foram R$ 110 mil em despesas com um esquema de segurança, montado pela Polícia Militar do Paraná.
Os advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, argumentaram que a lei assegura ao acusado o direito de ser interrogado presencialmente pelo juiz, e que a realização de videoconferência é "excepcional".
"Nenhuma alegação de 'gastos desnecessários' se mostra juridicamente válida para alterar a regra do interrogatório presencial estabelecida na lei", afirmaram os defensores.
Segundo eles, o aparato de segurança só foi montado anteriormente por determinação de Moro. Os advogados destacam que Lula prestou outros depoimentos em São Paulo, Brasília e São Bernardo do Campo, sem qualquer intercorrência.
Cabe ao juiz, agora, definir se fará o interrogatório pessoalmente ou por videoconferência.
O interrogatório é mais uma etapa do processo penal, quando o réu se manifesta sobre as acusações contra si.
Esta é uma das cinco ações a que o ex-presidente responde na Justiça. Há duas semanas, ele foi condenado por Moro sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá (SP).
As outras três ações correm na Justiça Federal em Brasília, resultados das operações Lava Jato, Zelotes e Janus.
Na primeira delas, Lula é acusado de obstrução de Justiça durante a delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
Na segunda ação, oriunda da Operação Janus, é suspeito de favorecer a Odebrecht em contratos em Angola, financiados pelo BNDES.
E na terceira ação, o petista é acusado de participação em esquema investigado pela Operação Zelotes, sob suspeita de tráfico de influência, lavagem e organização criminosa. A defesa nega qualquer envolvimento do ex-presidente em qualquer um dos processos.
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