GABRIELA SÁ PESSOA, ENVIADA ESPECIAL
DUARTINA, SP (FOLHAPRESS) - Os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que invadiram a fazenda do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer (PMDB), em Duartina, dizem que vão permanecer no local até o dia 2 de agosto. Nesta data está prevista a votação pela Câmara da denúncia contra o peemedebista, depois eles prometem sair pacificamente.
Os sem-terra aguardam, para qualquer momento, a chegada da Polícia Militar para cumprir o mandado de reintegração de posse. A Justiça determinou a saída imediata do grupo ainda na terça (25) -o que não aconteceu. No fim da tarde de quarta-feira (26), a PM foi até o local notificar os manifestantes.
Segundo a Polícia Civil, um agricultor arrendatário das terras registrou boletim de ocorrência informando o furto de quatro cabeças de gado, que teriam sido abatidos para alimentar os acampados. A ocorrência, segundo o MST, é uma tentativa de incriminar a ação na fazenda e que o gado foi doado.
Os sem-terra permanecem na fazenda Esmeralda com as funções organizadas: grupos preparavam refeições, enquanto alguns se revezavam na limpeza, em atendimento médico, vigiavam as entradas e outros organizavam assembleias para definir as ações do dia.
Cerca de 800 militantes -agricultores usando bonés vermelhos do MST- dormem na propriedade, em barracas de camping ou em colchões no galpão de máquinas.
As paredes foram pichadas com frases como "Fora, Temer" e "Corruptos, devolvam nossas terras" -lema desta série de invasões em que o movimento social concentrou suas ações em fazendas de políticos denunciados por suspeita de corrupção. Trata-se de uma nova estratégia de ação política do grupo para se manifestar politicamente e pela reforma agrária.
O caseiro e o administrador estão na fazenda e disseram que não houve conflitos com os sem-terra. Esta é a quinta vez que a propriedade é invadida, a segunda delas pelo MST.
A defesa de Lima afirma que aguarda o cumprimento da ordem judicial. A reportagem apurou que o coronel não visita mais sua fazenda há pelo menos dois meses, mas que telefonou na terça para a polícia de Duartina, que fica a 370 quilômetros de São Paulo, para se informar sobre a ocupação.
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