BELA MEGALE E JOSÉ MARQUES
BRASÍLIA, DF, E BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (23) a 9ª fase da Operação Acrônimo. É a terceira fase realizada em duas semanas.
Entre os alvos estão o atual secretário-chefe da Casa Civil do governo de Minas Gerais, Marco Antônio Rezende Teixeira, e o presidente da Prodemge (empresa de tecnologia e informação do governo), Paulo de Moura Ramos.
Ramos foi sócio de Teixeira na MOP Consultoria. Os investigadores suspeitam que a empresa tenha o governador Fernando Pimentel (PT) como verdadeiro dono. Além da MOP, há mandado contra pessoas ligadas à consultoria OPR em MG.
Os policiais fizeram busca e apreensão na casa de Teixeira pela manhã, em Belo Horizonte, mas o secretário não estava no local. Segundo assessores, está de férias no exterior com os filhos. Ele faz aniversário nesta sexta.
Outro alvo, Ramilton Machado, diretor da empresa OAS, cujo sócio é um dos donos, Léo Pinheiro, está preso em Curitiba (PR) no âmbito da Lava Jato. A sede da empreiteira em Brasília (DF) também sofreu buscas.
Segundo relatos de pessoas ligadas à OAS, a PF investiga o fato delatado pelo ex-operador Benedito Oliveira, o Bené, que firmou colaboração com a Justiça. Ele afirmou a investigadores que a empreiteira doou R$ 3 milhões em espécie para a campanha do governador mineiro, Fernando Pimentel, em 2014.
Os valores teriam sido pagos em seis parcelas de R$ 500 mil na sede da MOP, em Belo Horizonte, nas mãos de Otílio Prado, assessor de Pimentel.
Segundo Bené, em contrapartida, Pimentel ajudou a OAS a conseguir um contrato para a construir um gasoduto no Uruguai.
Machado, de acordo com Bené, teria sido um dos representantes da construtora que negociou os termos da doação.
Nesta fase não há prisões, somente conduções coercitivas em Minas Gerais e no Distrito Federal.
HISTÓRICO
A Operação Acrônimo tem, entre suas principais investigações, um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais envolvendo gráficas e agências de comunicação da campanha do governador Fernando Pimentel e também pagamento de propinas a ele para conseguir financiamento público de projetos na época em que Pimentel foi ministro do Desenvolvimento.
Pimentel foi denunciado há cerca de quatro meses pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por corrupção e lavagem de dinheiro.
Numa das primeiras fases da operação, em junho do ano passado, a Polícia Federal cumpriu mandado de apreensão no prédio onde fica a sede da OPR, empresa que já pertenceu a Pimentel e atualmente é registrada no nome do filho de seu ex-sócio.
No mesmo edifício, funcionava um escritório político do atual governador, quando ele foi eleito. Nele, a PF apreendeu notas fiscais da MOP.
Teixeira e Ramos também estavam no primeiro escalão da gestão Pimentel na Prefeitura de Belo Horizonte, entre 2001 e 2008. Ambos trabalharam na campanha de Pimentel ao governo em 2014 e depois compuseram a equipe de transição Teixeira era o coordenador.
OUTRO LADO
Procurada, a empresa OAS não quis se manifestar.
O governo de Minas não tem se manifestado sobre o caso, por entender que a operação não se relaciona com ações da gestão.
O advogado do governador Fernando Pimentel, Eugênio Pacelli, afirmou que a Acrônimo "já se esgotou".
"O que resta é o gosto pelos holofotes, a busca desesperada de provas que não existem e de fatos que as autoridades tiveram notícia desde o ano de 2014", afirmou.
Segundo ele, "não existe nem nova e nem fase na Acrônimo". "O único fato verdadeiro é que a operação agoniza lentamente, diante das inúmeras ilegalidades e abusos praticados desde o seu início", acrescenta.
Os demais alvos ainda não foram localizados pela reportagem.
O advogado de Teixeira e Ramos, José Sad Júnior, foi procurado pela reportagem, mas ainda não se manifestou.
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