MARIANA HAUBERT, DÉBORA ÁLVARES E LEANDRO COLON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estar preocupado com o desdobramento do processo político em curso no país. Os dois se encontraram por cerca de uma hora e meia na tarde desta terça-feira (26), na residência oficial do Senado.
O peemedebista não contou detalhes do encontro e se limitou a dizer que Lula falou de sua experiência como presidente do país e defendeu valores democráticos. "Ele disse que acredita muito no Brasil, que o Brasil é maior do que as suas crises, e que ele quer colaborar com saídas".
Em resposta, Renan afirmou que reforçou o papel histórico do Senado e o seu esforço pessoal para ampliar a previsibilidade política e constitucional para que a Casa julgue a presidente Dilma Rousseff. "Ao fim e ao cabo [disse] que seria uma decisão política, claro, mas que seria uma decisão de mérito com relação a saber se a presidente cometeu ou não crime de responsabilidade", afirmou.
A conversa com o petista foi a primeira de uma série de reuniões que Renan fará nesta terça e quarta. No fim da tarde, o peemedebista se encontrará com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Amanhã, ele irá ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, para uma conversa com o vice-presidente Michel Temer. Segundo Renan, pela tarde ele receberá o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, em seu gabinete.
"Eu vou continuar conversando com todos. Conversar não arranca pedaço. [...] Acho que o papel do presidente do Senado é exatamente esse. É conversar com todo mundo para, em todos os momentos, demonstrar isenção e responsabilidade com o país. Conversar e trabalhar para construir convergências com todos os atores dessa crise política", disse.
Temer tem realizado uma série de reuniões com economistas e políticos que podem integrar o seu eventual governo, caso o Senado aprove o afastamento da presidente Dilma Rousseff. A votação está prevista para ocorrer em 11 de maio.
Questionado sobre se considera que o vice está se apressando na definição do seu governo, Renan afirmou apenas que "não acha nada". "Eu sinceramente não acho nada e, cada vez mais para manter a isenção, eu devo achar menos para chegar ao final desse processo administrando essa convergência", disse.
MOVIMENTOS
Renan também recebeu durante a tarde representantes dos movimentos Povo Sem Medo e da Frente Brasil Popular, contrários ao impeachment de Dilma Rousseff e afirmou que não se deve "partidarizar" debate.
O peemedebista ouviu pedidos para que trate com isenção e assegure à petista o direito de defesa ao longo da tramitação do processo na Casa.
Enquanto Renan ainda recebia os integrantes dos movimentos sociais, Raimundo Lira (PMDB-PB) e Antonio Anastasia (PSDB-MG), respectivamente, eram confirmados na presidência e relatoria da comissão especial do impeachment.
Segundo o líder do MST (Movimento Sem Terra) João Pedro Stédile, o grupo entregou um "manifesto com milhares de assinaturas para dizer que somos contra o golpe".
"Estamos convencidos que o Senado, ao contrário da Câmara, que foi um tribunal de exceção comandado por um réu que pode ser preso a qualquer momento, vai recuperar a legalidade do processo".
Como tem afirmado publicamente, Renan repetiu ao grupo que vai garantir o rito democrático do processo, sempre agindo com isenção.
Projeto do presidente do Senado, Renan Calheiros, altera a lei que trata sobre o abuso de autoridade - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Escrito por Da Redação
Publicado em 26.04.2016, 18:01:00 Editado em 27.04.2020, 19:51:02
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