Equipes das vigilâncias sanitárias estadual e municipal e membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Apucarana fizeram na manhã de ontem uma visita às instalações do Hospital do Coração, localizado na região do Lago Jaboti. A comitiva foi vistoriar in loco as condições do prédio, que está proibido de funcionar pela saúde pública por supostas irregularidades detectadas na sua construção.
A vistoria foi feita apenas do lado externo, já que o hospital encontra-se fechado. O que a comitiva constatou é que o prédio encontra-se abandonado e sua estrutura se deteriorando com o tempo. Há móveis e outros equipamentos jogados ao chão, garrafas de cerveja amontoadas pelos cantos, fiações elétricas espalhadas pelo teto, forros quebrados e caindo, além de pássaros mortos por causa de batidas nas vidraças.
Estiveram no local o engenheiro sanitarista da 22ª Regional de Saúde de Ivaiporã, Sérgio Antônio Botaro, indicado pela Secretaria de Estado da Saúde para fazer a inspeção representando o governo do Estado, a farmacêutica Linda Caucabane e a enfermeira Ana Priscila Peres da Cunha, ambas da Vigilância Sanitária da 16ª Regional de Saúde de Apucarana, além de Nelson Jorge Capelari, técnico em vigilância sanitária, e Aguinaldo Aparecido Ribeiro, superintendente da Vigilância em Saúde, ambos do Município de Apucarana.
A vistoria foi solicitada pela CPI, composta pelos vereadores Aurita Bertoli (PT), presidente, José Eduardo Antoniassi (PSDB), relator, e Mauro Bertoli (PTB), secretário.
Hospital do Coração, em Apucarana: retrato do abandono
Foto: Bruno Leonel
Numa primeira vista, o engenheiro sanitarista Sérgio Antônio antecipou que o Hospital do Coração não tem as mínimas condições de funcionar. Segundo ele, o prédio não atende às determinações da legislação federal para funcionamento de instituições de saúde de alta complexidade. No entanto, ele não quis adiantar que tipo de relatório poderia fazer sobre o espaço físico no momento. “Para se ter um parecer, precisamos de uma vistoria completa e, para isso, teríamos que ter acesso ao interior do hospital”, disse.
A farmacêutica Linda Caucabane, da 16ª Regional de Saúde, assinalou que para o hospital funcionar o responsável pela obra, o médico Randas Batista, da Fundação Vilela Batista, teria que fazer adequações no prédio, conforme regras específicas contidas na legislação federal. No entanto, o processo se arrasta desde 2011 e até hoje não foram feitas essas adequações. Vale lembrar que a obra foi iniciada em 2008 em área cedida em comodato pela Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea) e parte também do Município.
O superintendente de Vigilância em Saúde da Prefeitura, Aguinaldo Aparecido Ribeiro, explica que as irregularidades no Hospital do Coração vêm desde início de sua construção. Ele informa que, quando foi feita a primeira inspeção, o médico dr. Randas já foi notificado sobre as irregularidades e solicitado a ele que fizesse as adequações necessárias. No entanto, nada foi feito. “Têm serviços de alta complexidade que não estão dentro da legislação federal. Se não forem feitas as adequações, não há como colocar o hospital em funcionamento”, afirma.
Até engradado de cerveja e detritos se acumulam no local
Foto: Bruno Leonel
ADEQUAÇÕES
A presidente da CPI do Hospital do Coração, vereadora Aurita Bertoli, e demais membros da comissão disseram que o prédio está sendo deteriorado pelo tempo e que algo precisa ser feito para dar uma finalidade ao hospital. O vereador Mauro Bertoli pediu à Vigilância Sanitária para que forneça à CPI documento contendo todas as adequações que precisam ser feitas no prédio e o que aconteceu que isso até agora não foi feito. As informações farão parte do relatório final da CPI, que ainda pretende colher o depoimento do médico Randas Batista, da Fundação Vilela Batista.
De julho de 2012 a agosto de 2014, numa ala provisória, o hospital atendeu à comunidade com consultas e exames cardiológicos através de convênio com o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir). No entanto, por falta de certidões negativas e de outros documentos, o convênio foi interrompido.
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