SÃO PAULO, SP - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta quinta-feira (12) que esteja pautando a Casa de acordo com interesses contrários aos do Planalto. "A gente não vai afetar a governabilidade", disse.
De acordo com o deputado, tido como desafeto da presidente Dilma Rousseff, a Câmara está apenas prezando por sua independência em relação ao Executivo. "Quando eu falo independência não é nada diferente do que está previsto na Constituição", afirmou. "Não é independência de que eu tenho que dar um 'grito do Ipiranga'."
Na última semana, sob o comando de Cunha --cuja eleição para presidir a Casa também é considerada uma derrota de Dilma--, entre outras medidas ruins para o Planalto, a Câmara aprovou o projeto do orçamento impositivo. O projeto onera o Orçamento da União e aumenta o gasto público em cerca de R$ 2 bilhões.
O texto determina que o montante mínimo a ser aplicado é de 1,2% da Receita Corrente Líquida prevista no projeto de Orçamento enviado anualmente ao Congresso pelo Executivo, sendo que metade deste valor deve ser destinado ao setor da saúde.
"Não tem qualquer aumento de gasto público", disse Cunha sobre o projeto. Ele defende que, tão somente, agora haverá regras para garantir que todos os deputados, mesmo os de oposição, tenham direito a dinheiro de emendas. "A diferença é que [agora] tem um regramento de igualdade."
O presidente da Câmara falou a investidores do banco BTG Pactual em um evento fechado, em um hotel na zona sul de São Paulo. Segundo relato de um dos presentes, ao final da fala de Eduardo Cunha, que versou sobre conjuntura econômica, muitas perguntas foram feitas, inclusive sobre o plano de ajuste econômico do governo.
Aos jornalistas Cunha disse que "ainda não chegou ao ponto de a gente debater na Câmara" as mudanças propostas em benefícios trabalhistas, a fim de diminuir os gastos do governo. "Embora eu esteja debatendo politicamente", ressaltou, dizendo que recebeu tanto sindicatos como empresários para discutir o tema.
LAVA JATO
Em entrevista à RedeTV! divulgada na quarta (11), a contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Pozza, citou o nome do presidente da Câmara Eduardo Cunha como "próximo" a um novo operador citado no esquema de pagamento de propinas da Petrobras, Ari Ariza, investigado pela Operação Lava Jato.
O nome do peemedebista já apareceu em listas de possíveis políticos citados, mas não foi confirmado como participante do esquema --ele nega qualquer ligação com o assunto.
Disse Meire, em entrevista gravada: "Ele [Ariza] tem grande amizade com o deputado Eduardo Cunha", acrescentando que o operador teria oferecido ajuda do parlamentar a ela, após o início das investigações.
"Não vou perder meu tempo com uma pessoa desqualificada", disse Cunha sobre a contadora. À reportagem televisiva sua assessoria de imprensa negou qualquer ligação tanto com Meire como com o doleiro Youssef e o operador Ariza. "Vou botar meus advogados."
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