BRASÍLIA, DF - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestou depoimento nesta terça-feira (10) à Polícia Federal sobre o inquérito que apura a origem de gravação que teria o objetivo de desgastar sua imagem durante a corrida pelo comando da Casa.
Cunha afirmou que manteve versão apresentada à imprensa de ter recebido informações de que integrantes da cúpula da Polícia Federal teriam forjado, a mando do governo, uma gravação para incriminá-lo, fala que irritou o Planalto e provocou críticas de entidades ligadas à polícia.
A PF negou envolvimento na gravação.
"Eu falei os fatos que tinha falado para a imprensa", afirmou o peemedebista. Segundo o presidente da Câmara, não houve indicação sobre a linha de investigação do caso e de prazo para a conclusão.
"Agora, é problema deles [PF]. Eles que têm que responder. Eles precisavam ter formalmente meu depoimento para a partir daí partirem [para a investigação]", completou.
DIÁLOGO
A Folha de S.Paulo mostrou em janeiro que peritos vêm indícios de "armação" na gravação. Entre os sinais estavam a indicação de que o texto do diálogo foi lido e que não ocorreu por telefone.
Na gravação, que contém um diálogo entre dois homens, o nome de Cunha é citado. Um, que supostamente seria agente da PF, ameaça contar tudo o que sabe caso Cunha o abandone. O outro, que seria ligado a Cunha, tenta tranquilizá-lo.
Para Cunha, a ideia do diálogo seria mostrar que um deles seria o policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, investigado na Operação Lava Jato, sobre o esquema de desvios da Petrobras.
Análises preliminares da PF indicam que nenhuma das vozes do áudio é de Careca. No Paraná, núcleo da Lava Jato, a gravação vem sendo tratada com desconfiança e, segundo investigadores, chegou a provocar risadas.
A autenticidade da gravação só será confirmada após a conclusão dos trabalhos dos peritos da PF. Em média, o parecer final leva 30 dias para ficar pronto.
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