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Comissão de SP quer ouvir ex-delegado sobre desaparecimento

SÃO PAULO, SP, 19 de fevereiro (Folhapress) - A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo quer convocar para prestar depoimento o delegado aposentado David dos Santos Araujo, suspeito de ser um dos responsáveis pelo desaparecimento do

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.02.2013, 17:08:00 Editado em 27.04.2020, 20:33:54
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SÃO PAULO, SP, 19 de fevereiro (Folhapress) - A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo quer convocar para prestar depoimento o delegado aposentado David dos Santos Araujo, suspeito de ser um dos responsáveis pelo desaparecimento do militante Aylton Adalberto Mortati, preso por agentes da ditadura militar em 4 de novembro de 1971.

A comissão paulista realizou na manhã de hoje uma audiência pública para tentar esclarecer o caso de Mortati, que atuou contra a repressão no Molipo (Movimento de Libertação Popular).

O militante foi preso aos 25 anos, na rua Cervantes, no bairro de Vila Prudente (zona leste), e levado para o DOI-Codi. Desde então, sua morte nunca foi oficialmente confirmada e ele foi dado como desaparecido.

Durante a audiência pública de hoje, a ex-presa política e também integrante da comissão da verdade paulista Maria Amélia Teles mostrou documento assinado pelo então delegado Araujo e que, segundo ela, indica que Aylton Mortati foi morto e levado para o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo ainda em novembro de 1971.

Trata-se de uma requisição de exame encaminhada ao IML para identificar a causa da morte de um cadáver "desconhecido" que, segundo o delegado, foi encontrado às margens do viaduto Bresser, na região do Belém, zona leste de São Paulo.

Para Amélia Teles, algumas coincidências levam a crer que o corpo era o de Aylton Mortati. De acordo com o documento, o corpo pertencia a alguém do sexo masculino, de aparentemente 35 anos e cor branca, localizado no dia 14 de novembro de 1971, ou seja, dez dias após a prisão de Mortati.

Outra coincidência seria o fato de o documento ter sido assinado por um delegado que, segundo membros da comissão, atuava no 36º Distrito Policial, onde funcionava o DOI-Codi.

No documento, há uma rasura no número do Distrito Policial no qual o delegado Araujo atuava. Segundo Ivan Seixas, integrante da comissão, o número rasurado era 36º, que foi alterado para 25º Distrito Policial.

A requisição de exame enviada do delegado para o IML foi encontrada por Maria Amélia durante pesquisas feitas nos arquivos do IML de São Paulo na década de 1990 pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Escracho

Em março do ano passado, o delegado aposentado David dos Santos Araujo foi alvo de um "escracho" público feito por manifestantes do Levante Popular da Juventude, que o acusaram de ter colaborado com a ditadura como torturador.

Em 2010, ele foi acusado de tortura pelo Ministério Público Federal. Segundo a Procuradoria, o delegado usava o codinome "Capitão Lisboa" e teria participado da tortura e do assassinato do militante Joaquim Alencar de Seixas no DOI-Codi, em 1971. A ação foi considerada improcedente com base na Lei da Anistia.

Outro lado

A reportagem tentou entrar em contato com o delegado aposentado David dos Santos Araujo, mas, após informar o motivo da ligação, foi avisada de que ele não se encontrava.

O advogado de David dos Santos Araujo, Paulo Esteves, disse não ter conhecimento sobre o caso Mortati e que advoga para o ex-delegado em outras ações.

No ano passado, quando foi alvo de escracho, Araujo negou ter participado de sessões de tortura e disse que atuava apenas na busca de militantes. "Fui trabalhar no serviço de busca, que não interroga ninguém, não mata ninguém. Eu entregava o camarada lá e o resto não era comigo", disse em março de 2012.

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