Por Erich Decat
BRASÍLIA, DF, 12 de dezembro (Folhapress) - Integrantes da oposição apresentaram hoje pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Lula.
O pedido tem como base o depoimento prestado pelo empresário Marco Valério ao PGR, divulgado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo o jornal, o empresário relatou que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy.
"As acusações são gravíssimas e precisam ser investigadas a fundo. Não está se tratando mais de suposições, elucubrações, presunções ou teorias, como gostavam de afirmar os réus já condenados na AP 470, agora é imperioso que a sociedade receba de Vossa Excelência mais uma pronta e certeira resposta, para confirmar ou não os fatos relatados pelo sr. Marcos Valério Fernandes de Souza que indicam a participação direta do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do "mensalão", diz trecho da representação.
O documento é assinado pelos líderes do PSDB, DEM e PPS do Congresso.
"É verdade que o Marco Valério não tem legitimidade, mas os fatos apontados são circunstanciados. Tem fatos que ele relata que tem amarrações contundentes e por isso estamos pedindo que eles sejam investigados", disse à Folha o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
"A investigação do ex-presidente Lula é um capítulo ainda não escrito na história do mensalão. Cabe ao Ministério Público começar a escrevê-lo", afirmou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
O senador criticou o silêncio do ex-presidente Lula sobre as declarações de Marco Valério. Após evento realizado ontem em Paris, Lula se esquivou da imprensa e limitou-se a dizer que o depoimento do empresário é "mentira".
"O ex-presidente Lula sempre foi falante e nesse caso ele está calado. O silêncio não é bom conselheiro nessa hora", afirmou Dias.
O senador considerou como uma "estratégia ridícula" de integrantes do PT de convidarem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para prestar esclarecimentos no Congresso.
Numa manobra articulada com o senador Fernando Collor (PTB-AL), a base do governo conseguiu aprovar no início da tarde desta quarta-feira convites para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel e FHC, prestem depoimentos à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.
A justificativa envolve o esclarecimento de "informações contraditórias sobre documento relativo a doações a agentes políticos que teriam sido levadas a efeito por Furnas". Trata-se da chamada Lista de Furnas, que veio à tona durante o escândalo do mensalão e que trazia supostas doações ilegais de Furnas a diversos políticos do PSDB.
"É uma estratégia ridícula procurar uma estratégia vencida. Já superada. Se não denunciaram na época certamente porque não encontraram consistência para a denúncia", disse Álvaro Dias.
Autor dos requerimentos, o líder do PT, Jilmar Tatto (SP), disse que também vai recorrer ao presidente da Câmara, Marco Maia (RS) para que a "CPI da Privataria" seja instalada na Casa.
"Há necessidade de investigações porque estamos falando de um período nebuloso na história do país. O maior escândalo da história do Brasil, do PSDB, do governo Fernando Henrique foi o processo de privatização que ainda não está claro", disse Tatto.
Escrito por Da Redação
Publicado em 12.12.2012, 18:11:00 Editado em 27.04.2020, 20:36:38
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