Mais uma vez a presidente Dilma Rousseff dá demonstrações de pulso firme e não perde tempo em tirar do governo um ministro que está dando problema. Na última quinta-feira (4), Nelson Jobim, da Defesa, teve de antecipar sua volta Brasília, a pedido de Dilma, para entregar sua carta de demissão. Celso Amorim assume em seu lugar.
Jobim deixa o governo após uma série de deslizes que começaram com um discurso na comemoração dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem também foi ministro. O então comandante da Defesa disse que "os idiotas" perderam a modéstia, o que foi interpretado como críticas ao PT. Em seguida, numa entrevista, afirmou ter votado no tucano José Serra para presidente, e não em Dilma, causando desconforto.
A gota d'água foi uma nova entrevista, desta vez à revista Piauí, em que criticou duas ministras do governo. Jobim chamou de “atrapalhada” a política do governo para divulgação de dados sigilosos e chamou a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de “fraquinha”. Ele disse ainda que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, “nem sequer conhece Brasília”.
Dilma teve poucos momentos de descanso desde que chegou ao Palácio do Planalto. Logo nos primeiros seis meses de governo, ela teve de enfrentar outras duas grandes crises, que resultaram na queda de dois de seus principais ministros: Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil, e Alfredo Nascimento, que perdeu o comando dos Transportes. Em ambas as situações, a presidente não hesitou em “cortar na própria carne”.
No caso de Jobim, não foi diferente. Ao saber do conteúdo das declarações, mandou que Jobim antecipasse sua volta de uma missão oficial em Tabatinga, no Amazonas. Segundo assessores da Presidência, Dilma considerou "insustentável" a situação de Jobim após as declarações à revista. Após ler a matéria, Dilma telefonou para o ex-ministro, quando ele ainda estava em Tabatinga, e ordenou que redigisse sua carta de demissão ou seria obrigada a demiti-lo.
Ontem, Jobim negou ter feito críticas às ministras de Dilma. Mais tarde, disse que não acreditava que seria demitido do governo, mas ponderou que sair do governo “não tem nada de anormal”.
Durante a manhã, a presidente se reuniu com as duas ministras e considerou que as críticas também afetam sua autoridade. As escolhas de Ideli e Gleisi para o dois ministérios do núcleo central de governo foram pessoais, da própria Dilma.
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