MAIS LIDAS
VER TODOS

paraná

Patrimônio histórico e cultural, Estrada da Graciosa completa 150 anos

Trecho paranaense da Serra do Mar pelo qual a via atravessa teve seu tombamento efetivado pelo Governo do Estado em agosto de 1986

Da Redação

·
Graciosa foi inaugurada oficialmente em 1873
Icone Camera Foto por aen
Graciosa foi inaugurada oficialmente em 1873
Escrito por Da Redação
Publicado em 26.08.2023, 11:09:39 Editado em 26.08.2023, 11:09:33
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Importante rota turística do Paraná, a Estrada da Graciosa (PR-410) completa em 2023 um século e meio de construção. Seus aspectos culturais e naturais lhe conferem valor imaterial, tanto pela importância na cultura local dos municípios de Antonina, Morretes e Quatro Barras, quanto pela contribuição econômica para a história do Paraná. Inaugurada oficialmente em 1873, a Graciosa tem uma história que precede a chegada dos primeiros colonizadores ao Paraná.

continua após publicidade

O trecho paranaense da Serra do Mar abriga as maiores elevações do centro-sul do Brasil, como o Pico do Paraná e seus 1.992 metros de altitude. Popularmente conhecida como Cordilheira da Marinha, essa cadeia montanhosa foi o grande obstáculo entre o Litoral e o planalto paranaense. Há mais de 350 anos, os indígenas utilizavam diversas trilhas para cruzar a Serra do Mar. Esses caminhos na Mata Atlântica eram usados em tempos de colheita do pinhão. A Graciosa era uma dessas trilhas, embora ainda não tivesse esse nome.

No século XVII, colonizadores e jesuítas se estabeleceram no Paraná e o então chamado Caminho da Graciosa tornou-se uma via essencial para o transporte de insumos e mercadorias entre Curitiba e as cidades litorâneas. A estrada era uma popular rota de tropeiros e foi considerada o caminho mais seguro para o transporte de cargas pesadas. Ainda assim, a Estrada Graciosa era um caminho estreito e grosseiro, calçado em um dos relevos mais hostis do Brasil.

continua após publicidade

Somente em 1854, após a emancipação da Província do Paraná, o imperador Dom Pedro II autorizou a construção de uma estrada estadual ligando Curitiba a Antonina. O Caminho da Graciosa serviu de guia para a nova obra que tornaria a via carroçável, concluída em 1873.

O engenheiro civil Paulo Sidnei Ferraz, membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, aponta as inúmeras dificuldades durante a construção, a começar pelo próprio projeto. “Dez engenheiros trabalharam durante 19 anos para que essa obra fosse concluída”, afirma. Dentre os motivos que prolongaram a construção, destacam-se a densa floresta, os ataques de animais, doenças dos operários e brigas políticas.

A Graciosa, como rota logística, presenciou a passagem de produtos de importação e exportação, principalmente o café, que foi elemento econômico essencial para o Estado. Além disso, foi via de passagem de políticos, viajantes e imigrantes, que chegavam ao Paraná pelos portos de Antonina e Paranaguá. Ferraz conta que, em visita ao Paraná, em 1880, a comitiva do Imperador Dom Pedro II subiu e desceu a Graciosa de carruagem.

continua após publicidade

Até meados do século XX, a Estrada da Graciosa foi a única rodovia pavimentada a ligar Curitiba ao Litoral. Com a abertura da BR-277, a Graciosa passou a servir principalmente como via turística. As curvas sinuosas e a proximidade com a natureza a tornaram um popular destino turístico. Hoje, já pavimentada, reúne espaços históricos relevantes, como pontes, igrejas, recantos e monumentos.

Para Paulo Ferraz, a Estrada da Graciosa é uma relíquia para a história do Estado. "Sua relevância serve de instrumento de preservação para os visitantes. Acredito que a preservação e normatização do uso da Estrada da Graciosa podem potencializar o turismo contemplativo e fortalecer a economia das cidades do litoral”, afirma.

PATRIMÔNIO CULTURAL

continua após publicidade


Segundo Aimoré Índio do Brasil Arantes, historiador da Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), a origem de todos os caminhos da América é indígena. Os chamados caminhos pré-colombianos tiveram uma grande contribuição da sabedoria dos povos indígenas para sua criação. “O homem branco europeu não tinha conhecimento suficiente para desbravar as novas terras”, diz.

A Estrada da Graciosa está inserida na Serra do Mar, junto com outras intervenções humanas, como a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba. A Serra do Mar é um bioma rico em biodiversidade, estendendo-se do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. O cenário atrai aventureiros de todas as regiões do Brasil.

Embora a Estrada da Graciosa não seja em si tombada, o trecho paranaense da Serra do Mar pelo qual a via atravessa teve seu tombamento efetivado pelo Governo do Estado em agosto de 1986. O tombamento ocorreu conforme a Lei Estadual 1.211/1953, que dispõe sobre o patrimônio histórico, artístico e natural do Paraná.

A área também foi reconhecida como patrimônio mundial da UNESCO e constitui um dos mais belos exemplos de patrimônio cultural, natural e turístico do Brasil.

“O Caminho da Graciosa, mais do que um patrimônio cultural dos paranaenses, é um espaço de memória e contemplação”, afirma Aimoré.

GoogleNews

Siga o TNOnline no Google News

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Paraná

    Deixe seu comentário sobre: "Patrimônio histórico e cultural, Estrada da Graciosa completa 150 anos"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!