O Paraná é um destaque nacional em recolhimento e destinação correta de embalagens vazias de defensivos agrícolas. No ano passado mais de 6 mil toneladas. É o segundo estado do país que mais recolhe e faz destinação correta.
A ação é feita através do sistema chamado Campo Limpo, um programa de logística reversa de embalagens vazias e sobras pós-consumo de defensivos agrícolas.
O programa permite que esses resíduos se tornem matérias-primas para novos produtos, entre eles, novas embalagens de defensivos agrícolas - as Ecoplásticas® -, e tampas - as Ecocaps®, destinadas e fabricadas pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).
No ano passado, foram encaminhadas para reciclagem ou incineração 45,5 mil toneladas deste material no Brasil. O Paraná foi o responsável pela destinação de 13% deste total.
O secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, lembra os sérios danos que as embalagens podem causar ao meio ambiente e destaca o compromisso do Estado na destinação correta dos produtos.
“As embalagens de agrotóxicos podem conter restos do defensivo agrícola e quando descartados incorretamente poluem o solo e as águas, além de causar a morte de animais, como peixes, aves e outros que utilizam esses espaços”, disse Nunes.
ESTRUTURA - O Estado tem 12 centrais e 58 postos de recebimento das embalagens de agrotóxicos. No Brasil, são 411 unidades de recebimento, das quais 110 centrais e 301 postos.
O coordenador da Divisão de Resíduos Sólidos do Instituto Água e Terra (IAT), Fernando Bunn, afirma que os agricultores assumem a responsabilidade de fazer o descarte correto já na compra dos produtos.
“Trata-se de uma responsabilidade compartilhada e os produtores rurais não têm custo com esse programa”, explica Bunn. “Mais de sete mil pessoas envolvidas já foram treinadas no Paraná para receber as embalagens de agrotóxicos e fazer o destino correto”, informa. A educação ambiental, afirma Brunn, é uma responsabilidade do Instituto.
O IAT coordena o projeto no Estado e oferta diversos trabalhos como o controle de todas as devoluções das embalagens pelos agricultores e usuários. Também cabe ao Instituto a fiscalização dos agricultores com relação à entrega em desacordo com a lei, como também dos revendedores e fabricantes quanto às suas obrigações legais; a educação ambiental com programas e projetos; e a realização de pesquisas para a melhoria do sistema.
CAMPO LIMPO - Referência mundial no setor, o programa brasileiro encaminha para o destino ambientalmente correto 94% das embalagens plásticas primárias comercializadas no país, ou seja, a cada 100 embalagens vazias de defensivos agrícolas recebidas pelo Sistema, 94 são recicladas e 6 são incineradas. A taxa de destinação no Paraná é de 99%.
“Desde 2002, quando o programa entrou em operação, são mais de 575 mil toneladas de embalagens vazias destinadas de forma ambientalmente correta”, destaca Rui Leão Mueller, engenheiro agrônomo do IAT.
COMPARTILHADO – Uma das razões desse desempenho é a legislação. A Lei Federal número 9.974/2000 atribui a cada elo da cadeia produtiva agrícola (agricultores, fabricantes, canais de distribuição e poder público) responsabilidades compartilhadas que possibilitam o funcionamento do Sistema Campo Limpo.
Agricultor há 33 anos, o engenheiro agrônomo Roberto Pfann utiliza defensivos agrícolas na produção de grãos dentro da propriedade que herdou do pai, em Guarapuava. Ele afirma que é preciso cumprir a lei e isso não é difícil.
“Basta ter boa vontade. Agir de acordo com a lei evita que o seu lençol freático e as pessoas que utilizam o espaço sejam contaminados”, disse Pfann. “Eu recebo a embalagem cheia, utilizo nas lavouras, faço a tríplice lavagem, deixo secar em um local específico para o armazenamento, e levo para o posto de recebimento em Guarapuava”, explicou.
O agricultor também comercializa defensivos agrícolas e chegou a ser premiado pelo manuseio correto das embalagens. As embalagens limpas são enviadas para a reciclagem e as sujas (não laváveis) encaminhadas para incineração.
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