A indústria automotiva do Paraná encerrou o ano de 2021 com crescimento de 9% sobre o ano anterior, registrando seu melhor resultado em 10 anos, superado apenas pela alta de 2011, quando se desenvolveu 11,2% em relação ao mesmo período do ano antecessor.
Além disso, o Paraná manteve os números positivos entre janeiro e fevereiro, tendo um aumento de 1,3% na produção industrial em relação ao primeiro mês do ano, fazendo com que o Estado ficasse na 8ª posição no comparativo com 15 regiões analisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ultrapassando a média nacional, de 0,7% de crescimento.
Entre os Estados vizinhos, o Paraná também se destacou, visto que Santa Catarina e São Paulo registraram crescimento de 1,1%, percentual 0,2% menor do que o paranaense.
Segundo Thiago Quadros, economista da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em 2021, a indústria foi o setor que mais contribuiu para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná.
Os dados foram apontados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), relatando que o PIB do Paraná cresceu cerca de 3% e que a indústria foi responsável por aproximadamente 9% desse avanço, mesmo tendo sido prejudicada durante o período da pandemia.
O crescimento da produção de máquinas para colheita, tratores agrícolas, caminhões e automóveis foram os principais responsáveis por esse expressivo percentual, que fez com que o Governo e os empresários da região começassem a dar ainda mais atenção para o segmento.
Dia 19 de abril, o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro anunciou que Curitiba receberá um empreendimento focado em desenvolver soluções inovadoras para atender as demandas do setor automotivo: o Parque Tecnológico 4.0 da Indústria Automotiva, que deve ser instalado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, no bairro Jardim Botânico, onde já estão localizados a Faculdade das Indústrias, a Aceleradora do Sistema Fiep, o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, o Centro de Inovação Sesi, o Instituto Senai de Tecnologia, o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) e a Fundação Araucária.
O objetivo da instalação está totalmente alinhado ao conceito do Vale do Pinhão, que é uma iniciativa concentrada em desenvolver um ecossistema de inovação para desenvolver a capital economicamente, de forma sustentável.
“O Parque Tecnológico da Indústria Automotiva vai poder contar com o apoio do município e com toda a diversidade do Vale do Pinhão, formado por empreendedores, startups, aceleradoras, universidades, o setor industrial, entidades de fomento e empresas de economia criativa”, reforçou o prefeito de Curitiba.
Cultura da inovação
Muito mais do que querer fabricar e vender carros que sejam bem aceitos e se tornem líderes de vendas, as montadoras e marcas querem estar vinculadas à inovação, oferecer aquilo que ainda nem é imaginado pela grande maioria das pessoas, e para isso, é preciso contar com gente de mentalidade jovem, disruptiva, capaz de acreditar em coisas que estão muito além do óbvio.
Segundo Fabrício Lopes, gerente de Inovação da Fiep, o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica e a BMW do Brasil já estão se preparando para iniciar um processo inédito de reciclagem de baterias para carros elétricos no país, através de uma planta-piloto, que será vinculada a projetos de pesquisa aplicada que já foram realizados pelo Senai em parceria com a Bosch e a Renault.
É desse tipo de inovação que está sendo falado. E não para por aí.
Houve, durante a pandemia, um problema sério na cadeia de suprimentos, mostrando que a inovação não é mais um simples diferencial, mas uma necessidade. Tanto que a falta de insumos só deve ser equalizada em 2023 e, durante todo o ano de 2022, o Brasil ainda deve passar por grandes desafios logísticos, como a falta de containers para transporte de carga, mostrando que, apesar de termos uma indústria desenvolvida, estamos distantes do cenário ideal.
A venda de seminovos deve continuar crescendo, obrigando as montadoras a oferecerem cada vez mais novidades e recursos em seus automóveis e fazendo com que eles se tornem cada vez mais inteligentes e conectados, sendo capazes de justificar investimentos financeiros mais altos por parte dos compradores.
Paralelo a isso, trata-se de uma questão [pouco] tempo para que os carros populares desapareçam e até os modelos chamados de “carros de entrada” sejam mais caros, por contarem com maior tecnologia e inteligência artificial.
Olhar para o futuro não é algo complexo, mas se adequar a ele custa caro e exige muito planejamento por parte da iniciativa privada e governamental.
O Estado do Paraná tem conseguido se posicionar positivamente diante do cenário, mesmo em uma fase onde algumas das principais fábricas e montadoras do país encerraram suas atividades.
Os novos ventos da inovação e da tecnologia estão cada vez mais fortes no Sul do país e espera-se que esse movimento continue refletindo positivamente, não apenas no PIB do Estado, mas na geração de empregos e na melhoria da educação técnica e científica do país.
Redação: Bruna Bozano.
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