Um intervalo de 171 dias separa os primeiros casos de Covid-19, confirmados em Curitiba e Cianorte há exatamente um ano, em 12 de março de 2020, até que a pandemia atingisse os 399 municípios paranaenses. Boa Ventura de São Roque, no Centro do Estado, foi a última cidade a registrar um diagnóstico positivo para o novo coronavírus, em 30 de agosto do ano passado. O município de pouco mais de 6 mil habitantes teve, até agora, 301 pessoas infectadas e três mortes pela doença, todos ocorridos neste ano.
Também levou certo tempo até que a pandemia chegasse a Godoy Moreira, cidade com menos de 3 mil habitantes do Vale do Ivaí, onde o primeiro caso positivo foi confirmado em 20 de agosto e a primeira morte neste ano, em 11 de fevereiro. No Paraná, restam nove cidades onde ninguém morreu por causa da enfermidade: São Jorge do Patrocínio, Amaporã, Nova Aliança do Ivaí, Boa Esperança do Iguaçu, Pinhal de São Bento, Coronel Domingos Soares, Santa Inês, Santo Antônio do Paraíso e Paulo Frontin.
Há uma semelhança entre elas, as últimas cidades a terem contaminados e aquelas onde até agora não há mortes por Covid-19: o tamanho. São todos municípios com menos de 8 mil habitantes, a maioria tem menos de 3 mil, conforme a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O maior deles, Coronel Domingos Soares, no Sudoeste, tem uma população de 7,5 mil pessoas.
Essa característica também ajuda a entender a evolução da doença Paraná adentro ao longo do último ano. As primeiras contaminações foram registradas em municípios de maior porte, primeiro na Capital e em Cianorte, uma das cidades-polo do Noroeste do Paraná, para então se espalhar pelos menores.
“O vírus entrou pela Capital. Os primeiros casos, um ano atrás, vieram com pessoas que tinham feito viagens para o Exterior, com as primeiras confirmações em Curitiba. Os diagnósticos foram se espalhando pelo interior do Paraná gradativamente”, diz a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Secretaria estadual da Saúde, Maria Goretti David Lopes. “Os municípios com poucos óbitos, e aqueles sem nenhum, são cidades de baixa densidade demográfica, com pouco moradores. Houve casos, mas elas tiveram capacidade de manter o isolamento e o distanciamento social”.
EVOLUÇÃO – No primeiro mês de pandemia, 68 cidades apresentaram infecções pelo novo coronavírus, praticamente todos os municípios próximos a Curitiba e polos regionais como Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, União da Vitória, Campo Mourão, Umuarama, Cianorte, Apucarana, Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel e Foz do Iguaçu.
Naquele momento, apenas duas das 22 Regionais de Saúde (RS) permaneciam sem um único caso confirmado. A última com casos zerados foi a 4ª RS, de Irati, que congrega nove municípios da região Centro-Sul, onde as primeiras contaminações aconteceriam apenas no início de maio. Um mês antes, eram registrados os cinco primeiros diagnósticos da 22ª (RS), de Ivaiporã, que conta com 16 cidades do Vale do Ivaí, inclusive Godoy Moreira, o penúltimo município atingido pela Covid-19 no Paraná.
Logo que os primeiros casos começaram a pipocar no Paraná, o Governo do Estado passou a estruturar uma rede hospitalar para todas as regiões. A penúltima Regional de Saúde a registrar uma confirmação, por exemplo, viu acelerar a etapa final do Hospital Regional de Ivaiporã. A estrutura, que seria entregue em dezembro, começou em junho a atender pacientes infectados. O mesmo ocorreu em outras duas regiões, com a inauguração dos hospitais regionais de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, de Guarapuava, no Centro do Estado.
ÍNDICES – Um ano após as primeiras confirmações, ou cerca de seis meses da pandemia presente em 100% dos municípios, o Paraná chegou a 740.955 pessoas contaminadas e 13.053 mortes, de acordo com o Informe Epidemiológico publicado na quinta-feira (11) pela Secretaria de Estado da Saúde. É o terceiro com o maior número absoluto de diagnósticos e o quinto em óbitos, de acordo com o Painel Covid do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
O coeficiente de incidência da doença no Estado é de 6.434 casos para cada 100 mil habitantes, acima da média nacional, de 5.290 casos/100 mil. Já a taxa de mortalidade do Paraná é menor que a do Brasil, com 113,3 óbitos por 100 mil habitantes no Estado e 127,8/100 mil no País. Levando em conta esses índices, o Paraná é o 13º em incidência da doença e o 19ª com relação à taxa de mortes. Mesmo com o número expressivo de casos, a taxa de letalidade do Paraná está entre as dez menores do País: 1,8%, contra 2,4% na média nacional.
Entre as Regionais de Saúde, esses índices também variam. Em 13 delas, o coeficiente de incidência está abaixo da média estadual. O menor é o da 6ª RS, de União da Vitória, com 2.938 casos por 100 mil habitantes. Na sequência vêm as regionais de Guarapuava (5ª), com 4.276/100 mil; Irati (4ª), 4.308/100 mil; Ivaiporã (22ª), 4.386/100 mil; Jacarezinho (19ª), 4.539/100 mil; Paranavaí (14ª), 4.783/100 mil; Campo Mourão (11ª), 4.817/100 mil; Apucarana (16ª), 5.080/100 mil; Cianorte (13ª), 5.545/100 mil; Cornélio Procópio (18ª), 5.600/100 mil; Ponta Grossa (3ª), 6.083/100 mil; Umuarama (12ª), 6.209/100 mil; e 2ª Regional de Saúde Metropolitana, com 6.422/100 mil.
A 9ª Regional de Saúde, de Foz do Iguaçu, está em situação de emergência, quando o índice de incidência é 50% maior que a média nacional. Na regional, que contempla nove municípios do Oeste do Paraná, a taxa é de 10.480 casos para cada 100 mil habitantes.
Nas demais, a situação é de alerta, com incidência maior que a do Estado, mas não ultrapassando a marca de 50% a mais. Do maior para o menor índice, a 20ª RS de Toledo, também no Oeste, conta 8.311 diagnósticos por 100 mil habitantes; Paranaguá (1ª) tem 7.616/100 mil; Telêmaco Borba (21ª), 7.418/100 mil; Maringá (15ª), 7.155/100 mil; Francisco Beltrão (8ª), 7.152/100 mil; Cascavel (10ª), 7.131/100 mil; Londrina (17ª), 7.112; e Pato Branco (7ª), 6.849/100 mil.
Já o índice de mortalidade segue uma ordem parecida com a taxa de incidência da doença, mas sem nenhuma regional em situação de emergência. Estão com menos mortos que a média estadual as regionais de União da Vitória, com 43,2 óbitos por 100 mil habitantes; Guarapuava tem 55,5/100 mil; Cianorte, 62,2/100 mil; Irati, 68,2/100 mil; Ivaiporã, 73,1/100 mil; Paranavaí, 73,6/100 mil; Umuarama, 76,9/100 mil; Jacarezinho, 78,4/100 mil; Campo Mourão, 78,5/100 mil; Francisco Beltrão, 82/100 mil; Toledo, 99,3/100 mil; Pato Branco, 105,4/100 mil; Ponta Grossa, 107,2/100 mil; Maringá, 110,3/100 mil e Cascavel, com 110,6/100 mil.
Já em sete regionais, esse índice é superior ao do Estado, começando com a de Foz do Iguaçu, que teve 153,5 mortes por 100 mil habitantes no período. Após ela vêm as Regionais de Saúde de Paranaguá, com 143,1/100 mil; Metropolitana, 137,5/100 mil; Apucarana, 136/100 mil; Telêmaco Borba, 123,8 mil/100 mil; Cornélio Procópio, 120/100 mil; e Londrina, 116,8/100 mil.
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