As primeiras faculdades brasileiras foram criadas em 1827 e apenas em 1879 as mulheres puderam ingressar no ensino superior, mediante uma autorização de Dom Pedro II, ainda no período imperial. Somente em 1887 a primeira mulher ingressou na universidade, no Curso de Medicina, na Bahia.
No Paraná, Helena Vianna Seiler concluiu o Curso de Odontologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1914, sendo a primeira mulher formada do Estado. Um século e uma década depois, felizmente há uma nova história no ensino superior.
A presença feminina nas universidades brasileiras e do Paraná aumenta a cada ano, fator que contribui para a valorização e fortalecimento das mulheres em áreas do conhecimento, formação profissional e atuação na sociedade.
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Nas instituições estaduais, atualmente, 102.696 pessoas compõem o sistema – abrangendo alunos, professores e servidores de áreas de apoio. Deste total, 59.308 são mulheres, ou 57,7%, semelhante à realidade do funcionalismo estadual.
As universidades do Estado somam 87.144 alunos matriculados, dos quais 49.672 são mulheres (57%). A presença feminina é também maioria no recorte que inclui agentes universitários e professores. As sete unidades somam 8.798 servidores e docentes, sendo 56% mulheres (4.926).
Além de ser maioria, as mulheres estão cada vez mais presentes em cargos de direção no meio acadêmico. No Paraná, duas mulheres exercem a mais alta função, a da reitora, que administra todas as atividades universitárias. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a professora Marta Regina Gimenez Favaro foi eleita para conduzir a instituição durante o período de 2022 a 2026, e na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) a professora Salete Machado Sirino assumiu a reitoria em 2021 e completará a gestão em 2024.
As outras unidades já tiveram experiências similares. A UEL já teve outras três gestões com professoras ocupando o cargo de reitora: Lygia Lumina Pupatto, em 2002; Nádina Aparecida Moreno, em 2010, e Berenice Quinzani Jordão, em 2014.
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Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a professora Neusa Altoé foi reitora em 1998 e vice-reitora em dois momentos, em 1994 e em 2012. Atualmente, Gisele Mendes de Carvalho ocupa a função de vice-reitora na instituição.
Na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), a professora Fátima Aparecida da Cruz Padoan atuou como reitora em duas gestões seguidas, de 2015 até 2022. Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Leide Mara Schmidt foi vice-reitora em 1994 e Gisele Alves de Sá Quimelli esteve na mesma função em 2014.
DIFERENTES ÁREAS
A participação feminina no ensino superior brasileiro se dá em diferentes áreas do conhecimento e níveis hierárquicos. As universidades contam com outros cargos de gestão, como a direção de diferentes pró-reitorias. Na UEPG, por exemplo, são quatro pró-reitoras (57%).
As universidades desenvolvem projetos e programas de extensão, ensino e pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, que contribuem para a formação de novos profissionais e com a transformação da realidade. Na UEL, as mulheres são maioria entre coordenadores de projeto (60%), coordenadores de projetos de ensino (56%) e coordenadores de projetos de pesquisa (51%).
“Não há por que haver limitação do conhecimento ou do trabalho por conta do gênero. A presença feminina na atividade docente ou em cargos de direção é importante para demonstrar que não há diferença na capacidade ou na produtividade entre homens e mulheres”, afirma a professora Ana Paula, do Departamento de Medicina Veterinária da UEL.
DADOS DO CENSO
Dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), indicam que em 2021 as mulheres representavam 61% dos estudantes que concluíram cursos de graduação no Brasil. No Paraná, esse percentual foi de 62%.
A professora Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense, do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina (UEL), confirma com sua própria experiência o aumento da atuação feminina no ensino superior. Ela concluiu a graduação em 1985 e em 38 anos de vivência no meio acadêmico observou as mudanças nesse cenário.
“Quando fiz a graduação 80% dos professores eram homens e diversas áreas de trabalho eram consideradas não adequadas para as mulheres. As professoras estavam concentradas nas áreas básicas, poucas mulheres atuavam nas áreas específicas da veterinária. Isso era resultado de décadas de restrição do acesso das mulheres à educação e ao conhecimento”, explica.
A situação mudou. Segundo o Censo do Conselho Federal de Medicina Veterinária, desde 2018 as mulheres são maioria na área. Em 2017, as mulheres compunham 49% dos profissionais desta área; em 2020, a participação subiu para 54% do total, que representa 78,1 mil profissionais mulheres.
O censo do Inep indica, ainda, o percentual de concluintes do ensino superior por área. A Educação concentra a maioria das mulheres, com 77,9%. A área de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem o menor percentual de mulheres, com 14,8%.
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