No topo de uma colina, em Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba, está localizado um dos pontos turísticos mais singulares – ou enigmáticos – do Paraná. De início, a pequena capela pode não chamar tanta atenção devido à sua simplicidade e, de certa forma, naturalidade, já que existem outras semelhantes em diversos lugares. Mas ela é o marco de um lugar conhecido como “o menor cemitério do mundo”, registrado pelo Guinness Book Brasil, o Livro dos Recordes, em 1996.
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Localizada na Campina dos Andrades, a capela foi edificada pelos moradores da localidade em 1929. Ela é cercada por um muro com portão de ferro e é vizinha de algumas lápides em um minúsculo terreno de 19,25 metros quadrados – uma quadra de basquete, por exemplo, tem 420 metros quadrados. O local abriga ossadas de crianças falecidas prematuramente ou logo após o parto e por isso é chamado de Cemitério dos Anjos ou Capelinha.
Algumas mães ainda frequentam o espaço e acendem velas às crianças, num sinal de respeito, prova de que a história permanece viva no imaginário rio-negrense. Atualmente, o local encontra-se em uma área privada, mas o proprietário fez questão de manter a colina da capela fora das grades, o que permite que devotos, turistas e curiosos conheçam e visitem o cemitério. Além das cruzes em metal branco, também há um espaço para velas e um altar com imagens de Nossa Senhora Aparecida.
A Capelinha é um dos muitos atrativos turísticos rurais de Rio Negro. Para chegar lá, o acesso é pela Estrada geral Campina dos Andrades. Para garantir a visita guiada ao município e ao menor cemitério do mundo, basta entrar em contato com a Prefeitura Municipal e agendar.
Irapuan Cortes, diretor-presidente do Viaje Paraná, órgão do Governo do Estado, vinculado à Secretaria do Turismo do Paraná (Setu), ressalta que as oportunidades do turismo surgem de histórias como essa, que podem ser exploradas pelas prefeituras para atrair visitantes de cidades vizinhas e até de outros estados. “Não existe turismo sem uma história a ser contada e este é um claro exemplo de que os profissionais da área conseguem trabalhar e ter oportunidades em diversos segmentos do turismo”, disse.
Turismóloga da prefeitura de Rio Negro, Larissa Grein Becker explica que não se tem um registro exato sobre quantos bebês estão enterrados no local. De acordo com ela, existem relatos que apontam 40, outros 20 e até oito. “Conhecer e valorizar esses locais é importante para o município e aos moradores porque eles se sentem parte da história. Aí entra o turismo, que tem capacidade para explorar esse potencial com respeito, mostrando quais são as características de Rio Negro e porque o lugar merece ser visitado pelos turistas”, disse.
Rio Negro pertence à Região Turística Rotas do Pinhão, que vai de Doutor Ulysses à Lapa, passando por todas as maiores cidades da RMC. Além do lado inusitado, entre os atrativos mais tradicionais do espaço estão rotas de cicloturismo, montanhismo, parques e grutas, e o turismo gastronômico associado à formação cultural das cidades.
TRADIÇÃO – De acordo com a prefeitura, a fama da capela começou na década de 60 quando uma moradora decidiu cuidar e preservar o espaço. Recém-casada, Leontina Weber fez uma promessa para cuidar do espaço. Ela faleceu em 2015 aos 79 anos e o filho, Cesar Weber, assumiu a responsabilidade. Todo ano, no dia 12 de outubro, Dia das Crianças e Dia da Padroeira do Brasil, ele realiza uma ação com os moradores e distribui brinquedos para crianças da cidade.
“A prática passou pelas gerações graças à promessa da minha mãe. Já faz 40 anos que reunimos a comunidade para rezar o terço no dia 12 de outubro e fazer uma festinha às crianças. Os mais antigos presenciaram alguns enterros e tem o culto à capela vivo na memória, mas as novas gerações também já sabem da história e entendem a importância do local”, diz Cesar.
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