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Maringá investiga um caso suspeito de hepatite misteriosa

Não bastasse a covid-19 e a dengue, uma outra doença tem preocupado os pais

Da Redação

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Maringá investiga um caso suspeito de hepatite misteriosa
Icone Camera Foto por Pixabay- ilustração
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.05.2022, 16:47:05 Editado em 17.05.2022, 16:47:02
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O secretário de Saúde de Maringá, Clóvis Augusto Melo, afirmou que a cidade investiga um caso suspeito de hepatite misteriosa. O secretário falou sobre o assunto na Câmara nesta terça-feira, 17. Trata-se de uma doença de origem desconhecida, que inflama o fígado.

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“Essa hepatite misteriosa começou a surgir no ano passado. Ela é uma inflamação no fígado de origem incerta. […] normalmente as hepatites são causadas por vírus dos tipos A, B, C, D e E, pode ser uma hepatite medicamentosa, ou por ingestão de álcool. No caso de crianças, a ingestão de álcool dificilmente se comprova. Quando você vê que não há uma hepatite de causa medicamentosa ou de causa viral e você não consegue estabelecer uma outra causa, tem que ser, imediatamente, comunicado ao Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde), para que ele encaminhe para o ministério da saúde, para que se faça o lançamento dos dados”, disse ele.

Segundo Melo, o Paraná descartou um caso da doença. “Eu vi, no último relatório do Cievs nacional, que havia um caso descartado no Paraná. Nós estávamos investigando um caso, aqui em Maringá, de uma hepatite que se iniciou há cerca de dois meses. A médica nos comunicou na semana passada sobre esse caso e espero que esse caso descartado seja justamente este que a gente estava investigando”, disse o secretário Clovis Augusto Melo.

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Médicos de Apucarana comentam sobre a 'hepatite misteriosa'

Não bastasse a covid-19 e a dengue, uma outra doença tem preocupado os pais. É a chamada “hepatite misteriosa”, que atinge principalmente as crianças e está intrigando médicos de todo mundo. Em Apucarana, dois pediatras ouvidos pelo TNOnline afirmam que a descoberta da doença serve de “alerta”, mas ponderam que ainda não há confirmação científica sobre as suas causas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira (10) que foram registrados 348 casos prováveis da doença. No Brasil, pelo menos 28 casos são investigados. Até o momento, o Paraná teve três casos suspeitos, um já foi descartado. São crianças entre 8 e 12 anos do sexo masculino. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) não informa a cidade de origem dos pacientes.

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O pediatra Luiz Henrique Veloso, de Apucarana, explica que ainda não há nenhuma confirmação sobre as possíveis causas dessa "hepatite misteriosa", embora estudos sinalizem alguns caminhos. “Tem algumas linhas de pesquisa sugerindo que essa infecção possa ser causada pelo adenovírus, um vírus comum na infância que provoca quadros gripais e diarreicos, e que praticamente todas as pessoas adultas já tiveram contato”, explica.

Segundo ele, 78% das crianças com essa hepatite no mundo deram positivo para o adenovírus, mas a relação com a doença misteriosa não foi comprovada, porque esse vírus não apareceu nas biópsias feitas no fígado dos pacientes.

Outra hipótese é que essa nova hepatite seria mais um efeito a longo prazo da covid-19. “Seria uma sequela tardia por conta de alguns fatores, principalmente a alteração da imunidade". Uma terceira situação citada – mas praticamente descartada, segundo o pediatra apucaranense – é que seria uma consequência das vacinas contra a covid-19. “Mais de 90% dos casos foram registrados em crianças na faixa de 2 a 5 anos, que é um grupo etário que não entrou no programa de vacinação da covid”, esclarece.

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Segundo o médico, os principais sintomas de crianças com hepatite são cansaço, febre, diarreia, vômitos e dores abdominais (que simulam um quadro de virose) e, como diferencial, a alteração da coloração da conjuntiva (amarelão nos olhos), alteração na coloração da urina (fica muito escura) e coloração branca das fezes.

“Os sintomas são os mesmos. A diferença está na gravidade dessa nova hepatite”, observa. “Entre 10% e 15% dos quadros estão evoluindo rapidamente para transplante hepático e 5% a óbito. Por outro lado, 70% evoluem com um quadro leve e transitório, sem internação”, comenta.

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Luiz Henrique Veloso observa que não há motivo para pânico. “É uma situação de alerta. Não é preciso se desesperar com sintomas de vômitos ou dor abdominal. É importante focar nos sintomas de hepatite que são mais chamativos, como o amarelão nos olhos, a urina escura e as fezes brancas”, completa.

O pediatra apucaranense Luiz Carlos Busnardo reforça que falta confirmação das causas dessa nova hepatite. “O que a gente sabe é que as doenças no fígado estão sempre em evolução. Com os novos estudos, informações novas surgem. É preciso entender a causa da inflamação do fígado. O que está causando”, afirma Busnardo, citando que o mundo mudou sua alimentação, principalmente com alimentos industrializados.

Ele afirma que os casos de hepatite em crianças, comuns no passado, principalmente do tipo A, são raros atualmente. O médico diz não lembrar a última vez que atendeu uma paciente infantil com a doença. Segundo Busnardo, essa redução drástica foi possível com as vacinas – há imunização disponível para a hepatite A (na rede privada) e B (na rede pública) - e também com a melhora nos índices de saneamento básico.

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As hepatites virais geram infecção no fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país e também chamada de Delta) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

A Autarquia Municipal de Saúde (AMS), de Apucarana, não tem registros recentes de casos de hepatite em crianças.

SECRETARIA DE SAÚDE

A Secretaria de Saúde do Paraná informou, por nota, que tem uma vigilância estabelecida para hepatite viral aguda (inflamação no fígado) causada pelos vírus comuns que causam a hepatite viral aguda, como o vírus da hepatite A, B, C, D e E.

Entretanto, diante das notícias internacionais de uma hepatite aguda de origem desconhecida em crianças, a Sesa está organizando o fluxo de vigilância e o apoio laboratorial e capacitando os serviços de saúde sobre a doença, emitiu nota técnica e realizou videoconferência sobre a questão junto às Regionais de Saúde, Rede CIEVS Paraná e Núcleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do estado.

Além disso, monitora diariamente as ocorrências dos casos e a evolução das investigações realizadas nos países que já estão apresentando casos anteriormente, em busca de evidências que possam direcionar e apoiar as condutas já adotadas pelo Paraná.

"Até o momento, o Paraná teve três casos suspeitos, sendo que um já foi descartado. Os casos são em crianças entre 8 e 12 anos do sexo masculino", informou a secretaria.

Colaboração, GMC

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