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Indicação de diretor da CIA para diplomacia é perigosa, diz ex-vice-secretário

ISABEL FLECK SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dia depois de o governo Trump anunciar a saída de Rex Tillerson do Departamento de Estado, o ex-secretário-assistente de Estado Arturo Valenzuela classificou como "extremamente perigosa" a decisão do president

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 14.03.2018, 22:45:00 Editado em 14.03.2018, 22:45:10
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ISABEL FLECK

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dia depois de o governo Trump anunciar a saída de Rex Tillerson do Departamento de Estado, o ex-secretário-assistente de Estado Arturo Valenzuela classificou como "extremamente perigosa" a decisão do presidente de colocar o então diretor da CIA (inteligência americana), Mike Pompeo, à frente da diplomacia americana.

"É extremamente perigoso, não é uma boa ideia", disse Valenzuela durante debate no Fórum Econômico Mundial para a América Latina em São Paulo. 

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Segundo o secretário-assistente para o continente americano do governo do democrata Barack Obama (2009-2017), a formulação de decisões de política externa sempre passou pelos pilares chamados de "3 Ds": diplomacia, desenvolvimento e defesa. 

"O que é decepcionante sobre esta Casa Branca é porque ela mantém o foco apenas sobre a defesa", disse.

Kjell Grandhagen, conselheiro especial de geopolítica e estratégia da norueguesa DNB, no entanto, disse ver um ponto positivo na decisão de colocar um nome da segurança à frente do Departamento de Estado: alinhar a política externa, já que não raro há divergências entre posicionamentos do departamento e da Casa Branca. 

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Em meio a um debate que teve como foco mais as decisões polêmicas de Trump com relação ao comércio -como a decisão de aumentar as tarifas de importação de aço e alumínio-, Valenzuela disse se preocupar mais com a resposta desta gestão aos desafios significantes em termos de segurança, como Afeganistão e Coreia do Norte. 

Ele, que hoje é conselheiro sênior de América Latina para o escritório de advocacia Covington & Burling, se uniu à ex-chanceler espanhola Trinidad Jiménez Garcia Herrera, diretora global de estratégia de relações públicas da Telefónica, ao destacar também os riscos que os Estados Unidos correm ao se fecharem comercialmente, especialmente para a região.

"Se os EUA começam a fechar suas fronteiras, os EUA perdem, e América Latina se vira para o outro lado, para a Ásia. A região já está chegando a acordos comerciais com a Ásia, a China está cada vez mais forte na América Latina e no Brasil", disse Herrera, no painel sobre a América Latina em uma ordem global baseada em acordos.

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Para Valenzuela, o foco tem sido sobre o impacto que a decisão dos EUA pode causar nos outros países. "Mas 45% de todas as exportações dos EUA vão para o continente, então a região tem um grande peso para os EUA."

ALIANÇAS

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Apesar de uma crescente impressão de que o mundo migra de um sistema de base multilateral para uma ordem baseada em acordos regionais, os integrantes do painel disseram não acreditar no fim do primeiro.

"A pergunta é se essa é mudança estrutural ou se faz parte de um ciclo. Se você olhar historicamente, você vê ondas, ciclos, em que a ordem baseada em regras às vezes é mais forte e às vezes é mais fraca", afirmou Rodrigo Vergara, pesquisador do Centro de Estudos Públicos (CEP), que se diz "otimista" apesar dos movimentos feitos por Trump e do 'brexit'.

"Eu sou muito otimista de que essa ordem esteja indo na direção correta, apesar dos altos e baixos", concordou Valenzuela.

Herrera disse ser "muito complicado" entender por que os britânicos decidiram por sair da União Europeia. 

"A tendência do mundo é de integração dos Estados e todos os processos de desintegração vão contra o sentido da história", disse. 

Para ela, essa é a tendência também na América Latina --e deve ser perseguida para que a região "tenha força no cenário global".

"Claro que há muitos problemas [na América Latina], é preciso trabalhar, por exemplo, em matéria de transparência, de luta anticorrupção, de estabilidade das instituições, disse a ex-chanceler europeia. "Mas é preciso ser otimista: não há região do mundo mais homogênea em termos de estabilidade política", afirmou.  

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