MAIS LIDAS
VER TODOS

Geral

Genética e trabalho podem ter ajudado Hawking a viver mais do que o esperado

PHILLIPPE WATANABE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando começou a desenvolver os sintomas da doença degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica, nos anos 1960, o então jovem cientista Stephen Hawking ouviu de seu médico que em três anos, no m

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 14.03.2018, 13:20:00 Editado em 14.03.2018, 13:20:09
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

PHILLIPPE WATANABE

continua após publicidade

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando começou a desenvolver os sintomas da doença degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica, nos anos 1960, o então jovem cientista Stephen Hawking ouviu de seu médico que em três anos, no máximo, estaria morto —antes mesmo da conclusão de seu doutorado.

De progressão usualmente rápida, a doença, conhecida como ELA, é caracterizada pela crescente paralisia dos músculos, culminando com a incapacidade de respirar e a morte.

continua após publicidade

Rara, ainda não é totalmente compreendida. Não se sabe exatamente por que Hawking, morto aos 76 anos nesta quarta-feira (14), superou com folga a expectativa de vida que recebeu, por exemplo.

Mas especialistas especulam que a genética pode ser uma das respostas. Genes que promovem a proteção dos neurônios motores poderiam ser os responsáveis pela longevidade do cientista.

Segundo o geneticista Ciro Martinhago, evoluções diferentes de uma mesma doença, mesmo entre irmãos gêmeos com a mesma mutação genética, têm como raiz a interação entre os genes e também interações do genoma com fatores ambientais (como a saúde em geral da pessoa).

continua após publicidade

Tudo isso pode potencializar ou minimizar o quadro clínico da doença, afirma Martinhago. "Conhecemos os genes, mas essas variantes é que trazem a individualidade para cada um."

Observações empíricas apontam que questões psicossociais também têm interferência no quadro geral dos pacientes, segundo o geneticista.

Acary Oliveira, neurologista especialista em ELA do hospital Albert Einstein, conta que acompanha uma paciente diagnosticada com a doença há 23 anos e, apesar dos comprometimentos musculares, é saudável. “O que ela e Hawking parecem ter em comum é a vontade de se manter útil para a sociedade”, afirma Oliveira.

continua após publicidade

Oliveira aventa ainda a possibilidade de o físico não ter realmente ELA, mas, sim, uma doença como atrofia muscular progressiva ou atrofia muscular espinhal, devido à dificuldade de se diagnosticar a ELA, que não possui exames específicos de identificação.

As maiores chances futuras de tratamentos mais efetivos para a doença, que atualmente não tem cura, estão na terapia genética. “Do ponto de vista terapêutico, você pode inibir os genes causadores ou estimular os protetores”, diz Oliveira, segundo o qual esses genes estão sendo descobertos aos poucos.

continua após publicidade

A ELA está sendo utilizada como uma base de estudos para doenças degenerativas, como mal de Parkinson, o que aumenta os estudos relacionadas à rara condição —que atinge 1 a cada 100 mil pessoas por ano.

BALDE DE GELO

Há cerca de quatro anos, o desafio do balde de gelo, no qual pessoas despejavam água com gelo sobre a própria cabeça, dominou as redes sociais. O intuito da ação era despertar atenção e levantar recursos financeiros para pesquisas com ELA.

continua após publicidade

O resultado do desafio foi a arrecadação de US$ 115 milhões, segundo a associação americana ALS (na sigla em inglês, esclerose lateral amiotrófica).

A associação afirma que, desse montante, US$ 84 milhões foram destinados a pesquisas sobre a doença, além dos valores destinados a centros de tratamento e projetos educacionais.

Um dos projetos apoiados pela iniciativa conseguiu identificar um gene associado a ELA, segundo reportagem do jornal inglês Guardian, de 2016.

Assim como a fama de Hawking, o desafio também ajudou a jogar luz sobre a rara doença. “A iniciativa trouxe um batalhão de pessoas que colocaram como uma missão entender melhor a doença e minimizar ela”, diz Oliveira.

O especialista dá o exemplo de pesquisadores da Fatec que, ao ficarem sabendo da doença por meio do desafio do balde de gelo, o procuraram para o desenvolvimento de um mecanismo para que os pacientes conseguissem controlar posições de suas camas com os olhos, o que aumenta a independência das pessoas que sofrem com a condição.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Geral

    Deixe seu comentário sobre: "Genética e trabalho podem ter ajudado Hawking a viver mais do que o esperado"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!